Vestibular e Concurso Público
Estamos
disponibilizando as principais pegadinhas em Língua Portuguesa que aparecem nas
provas de Vestibular e Concurso Público.
Fique atento
para não cair em armadilhas como estas. A rápida leitura deste material pode
garantir sua classificação.
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uma cortesia de www.softwareebookecia.com, ele pode ser copiado e
distribuído livremente, porém seu conteúdo não pode ser alterado.
Pegadinha
01
Desculpem
o transtorno.
O
verbo desculpar é transitivo direto e indireto, isto é, ele possui dois
objetos: um direto e outro indireto. A ordem em que esses objetos figuram na
oração é indiferente. Pode vir primeiro o objeto direto, depois o indireto, ou
vice-versa. Trocando em miúdos, quem desculpa, desculpa alguém por alguma
coisa. O objeto direto é sempre uma pessoa e o indireto é alguma coisa.
Seria muito desagradável, neste caso, procurar o transtorno para
desculpá-lo por alguma coisa que tenha feito de errado. Será que foi o transtorno
quem escreveu essa frase?
O
correto seria escrever:
Desculpem-nos
pelo transtorno.
Pegadinha
2
Agradecemos
a preferência.
Vamos
aprender a agradecer em bom português. Muita gente boa agradece mal aos seus clientes
por falta de conhecimento de transitividade verbal. O verbo agradecer,
nessa construção, possui outra regência, que o transforma num transitivo
indireto acompanhado de um adjunto adverbial de causa. Na frase errada, acima,
o agradecimento é dirigido à causa (= a preferência) e não ao seu agente (= o
cliente ou os clientes).
Para
agradecer, corretamente, deve-se escrever assim:
Agradecemo-lhes
pela preferência.
ou
Agradecemos
aos nossos clientes pela preferência.
Pegadinha
3
São os
banqueiros que acabam lucrando.
Neste
tópico de dicas de português para concursos, a expressão é que não é
genuinamente um verbo. Trata-se simplesmente de uma locução de realce, que a
usamos, evidentemente, para dar destaque à ideia expressa na frase. Por
tratar-se de um mero adorno frasal, essa locução é totalmente dispensável sem
prejuízo para o sentido da oração. Exemplo: É os banqueiros que
acabam lucrando. = Os banqueiros acabam lucrando. (A igualdade é de
significação, é lógico.)
Mais
exemplos:
Só
nós dois é que sabemos o quanto nos queremos bem. (Letra
de canção portuguesa.) Seria ridículo dizer: Só nós dois somos que sabemos
o quanto nos queremos bem. A frase original pode ser escrita, sem nenhum
prejuízo para a sua significação: Só nós dois sabemos o quanto nos queremos
bem.
É eles
que representarão o presidente. Essa frase está correta.
Estaria incorreta se fosse escrita assim: São eles que
representarão o presidente. Se eliminarmos do contexto a expressão de
realce é que, veremos que o sentido é o mesmo: Eles representarão o presidente.
Muito
cuidado! Nas questões de português, sobre concordância verbal, as organizadoras
de vestibulares e concursos públicos costumam usar, de vez em quando, frases
desse tipo, induzindo o vestibulando ou concursando a considerá-las incorretas.
Concluindo,
indicamos como escrita correta da frase do topo a seguinte construção:
É os
banqueiros que acabam lucrando.
ou
Lembrar:
é que – é uma locução de realce.
Pegadinha
4
Gostaria
de colocar minha opinião.
Opiniões
não se colocam, se expõem ou se dão. Há também quem
gosta de, ao final de um discurso, fazer uma colocação em vez de
fazer uma exposição, que é muito mais coerente e elegante. O correto
seria escrever:
Gostaria
de expor minha opinião.
ou
Gostaria de
dar minha opinião.
Pegadinha
5
Vou
explicar nos mínimos detalhes.
Veja
como, às vezes, o excesso atrapalha.
Há
expressões, em nossa língua, classificadas como pleonasmos viciosos, que
revelam a precariedade linguística de quem os escreve ou assim fala. Nesta dica
de português, estamos diante de uma dessas excrescências. Pleonasmo é a
repetição de palavras ou expressões de mesmo sentido. A expressão viciosa "nos
mínimos detalhes" equivale a aberrações como "subir pra
cima", descer pra baixo, chutar com os pés etc. Em detalhe já
está contida a ideia de mínimo. Detalhe significa pormenor, minúcia,
no mínimo. Se pretendesse fazer a explicação em suas mínimas partes,
seria suficiente fazê-la em detalhes, ou
em seus pormenores, ou ainda em minúcias. Então escrevamos corretamente:
Vou
explicar em detalhes.
ou
Vou
explicar detalhadamente.
Pegadinha
6
Inglaterra
confirma invasão ao Iraque.
Jamais
poderá ocorrer invasão a lugar algum. Porém, o que é possível
acontecer é invasão de algum lugar. Escreve-se com correção, assim:
Inglaterra
confirma invasão do Iraque.
Veja,
a seguir, outros exemplos corretamente escritos:
Invasão
de privacidade.
Invasão
de domicílio.
A invasão
do estádio pela polícia deu-se às 20 horas de ontem.
Pegadinha
7
O
acidente aconteceu porque o motorista dormiu no volante.
Para
que alguém consiga dormir no volante, é necessário que este seja,
no mínimo, do tamanho de uma cama. Convenhamos, volantes desse tamanho ainda
não foram fabricados. Então, melhor seria dormir no banco do automóvel ou, mais
adequadamente, em uma cama com mais conforto. Quem dorme bem, dorme em algum
lugar. Já "dormir próximo" ou "junto" significa dormir a
(preposição) com o respectivo artigo (o ou a). O correto
seria escrever:
O
acidente aconteceu porque o motorista dormiu ao volante.
A
seguir, outros exemplos de frases corretamente grafadas:
A
moça dormiu ao computador.
O
marinheiro dormiu ao timão.
Romeu
dormia à janela de Julieta.
Pegadinha
8
Marcos
é um parasita da mulher.
Parasita,
com a final, é denominação exclusiva de certas plantas. Para pessoas e animais,
usa-se parasito. O correto seria escrever:
Marcos
é um parasito da mulher.
Eis
outros exemplos de frases corretamente grafadas:
Raquel
age como um parasito da mãe.
Há
sujeitos que são autênticos parasitos da sociedade.
A
pulga é um parasito, como também o é o carrapato.
Precisamos
exterminar as parasitas que estão nessa árvore.
As
parasitas debilitaram nosso pomar.
Pegadinha
9
Confesso
que me simpatizei com ela.
O
verbo simpatizar, como também seu antônimo antipatizar não são
empregados com pronomes. Portanto, escreve-se correto, grafando-se assim:
Confesso
que simpatizei com ela.
Abaixo,
seguem outros exemplos de frases corretamente escritas:
Você
simpatizou com a moça, mas ela antipatizou com você.
Antipatizo
com políticos em geral.
Simpatizamos
com a nova professora.
Eles
antipatizam conosco.
Pegadinha
10
Ela
quer se aparecer.
Isso
é o fim da estrada da ignorância. Daí em diante, só resta adentrar no campo da bestialidade.
Certos
verbos são essencialmente pronominais como suicidar-se, por exemplo.
Outros, porém, jamais podem ser usados com pronomes, como os verbos da dica
anterior, simpatizar ou antipatizar. Trazemos um desses verbos
que jamais são usados com pronome, que é o verbo aparecer. Esse é um
típico verbo intransitivo. Não admite voz reflexiva, objetos de espécie alguma.
Não se pode aparecer ninguém e, também, aparecer a si mesmo.
Escreve-se
corretamente, assim:
Ela quer
aparecer.
Pegadinha
11
Começou
nevar hoje cedo em Urubici.
Certas
notícias são dadas de modo negligente, sem nenhuma preocupação com as regras do
idioma. O verbo começar forma locução com outro verbo, no infinitivo,
por intermédio da preposição a. Exemplos:
Nice
começou a chorar.
Naquela
hora, Eliane começou a rir.
Começou
a chover.
Eis
a frase do topo corretamente escrita:
Começou a
nevar hoje cedo em Urubici.
Pegadinha
12
Vou
mostrar-lhe meu caderno, mas não repare a desorganização.
O
verbo reparar assume dois significados. O que irá determiná-los é a
presença ou não da preposição em. Veja, a seguir:
Com
a preposição em significa notar, observar:
Repare
nos exemplos que damos nesta lição de gramática.
Entre,
mas não repare na bagunça.
Posso
escrever, porém não reparem em meus erros de português.
Sem
a preposição em, significa consertar, indenizar:
O
técnico reparou o computador que estava avariado.
A
empresa reparou os danos causados.
O
juiz condenou o prefeito a reparar os prejuízos sofridos pelos camelôs.
O
mecânico reparará o motor do carro.
Então
escreve-se corretamente a frase original da seguinte maneira:
Vou
mostrar-lhe meu caderno, mas não repare na desorganização.
Pegadinha
13
Residente
à Rua Joana Sartóri.
As palavras residente,
morador, situado e sua forma reduzida sito não admitem a preposição a
para ligar-se ao respectivo logradouro, mas, sim, a preposição locativa em.
Não se diz, por exemplo, que um imóvel está situado a Campinas,
porém em Campinas. Veja os exemplos que seguem:
O escritório, sito na
Rua Filisbina, recebe seus clientes de segunda a sexta-feira.
O prédio está situado
na Avenida Duque de Caxias.
Márcio, morador na
Travessa Cotia, prestou depoimento ontem.
Resido na Alameda
Tabajara.
A frase do topo
escrita corretamente fica assim:
Residente
na Rua Joana Sartóri.
Pegadinha
14
Costuma
se fazer bons negócios nesta feira.
O
verbo concorda com o seu sujeito, na voz passiva. Observe que temos dois
verbos, um auxiliar e outro, principal. Veja outros exemplos de uso da voz
passiva em situações semelhantes:
Não
se podem prever essas situações. (Não podem ser previstas
essas situações.)
Devem-se
devolver os crachás ao final do evento. (Devem ser devolvidos os
crachás ao final do evento.)
A
frase inicial estaria corretamente escrita da seguinte maneira:
Costumam se
fazer bons negócios nesta feira.
Pegadinha
15
Não
exceda da dosagem alcoólica permitida.
O
verbo exceder não admite preposição. Outros exemplos:
O
motorista foi multado porque excedeu os limites de peso de carga de seu
caminhão. (Errado:
O motorista foi multado porque excedeu dos limites de peso de carga de seu caminhão.)
Lotação:
42 passageiros. Não exceda este limite. (Errado: Lotação: 42
passageiros. Não exceda deste limite.)
O
certo seria escrever a frase original do seguinte modo:
Não exceda
a dosagem alcoólica permitida.
Pegadinha
16
Não
estacione! Sujeito a guincho.
Nada
pode estar sujeito a um objeto que, neste caso, é o guincho, mas sim a uma
ação, que seria a de guinchamento. Em outras hipóteses, os que transgridem a
lei penal estão sujeitos a prisão, mas não a preso; se a transgressão for
grave, podem até estar sujeitos a banimento, mas não a banido; como também, uma
latinha de cerveja, no freezer, está sujeita a congelamento, mas não a
gelo.
A
frase inicial, corretamente grafada, ficaria assim:
Não
estacione! Sujeito a guinchamento.
Pegadinha
17
Não
fiz o dever de matemática.
Para
muitas pessoas, há uma confusão muito grande, envolvendo os significados das palavras
dever e deveres. Inicialmente, determinemos suas semânticas,
conforme os bons dicionários:
dever: obrigação;
deveres:
tarefas (sempre no plural).
O
exemplo seguinte economiza muita explicação e esclarece a questão:
O
dever de cada estudante é fazer seus deveres escolares.
Talvez,
esta regrinha ajude a estabelecer com mais clareza a distinção:
deveres
(tarefas) se fazem;
dever
(obrigação) se cumpre.
Outros
exemplos:
Ele
cumpriu o dever de pai.
O
dever de todo militar é servir o seu país.
Deixei
de fazer os deveres de geografia.
Ela
não dá conta de realizar os deveres domésticos. Precisa de uma empregada.
A
frase original, corrigida, fica assim:
Não fiz os
deveres de matemática.
Pegadinha
18
Pare
de atazanar os outros!
Eis
uma pérola da linguagem popular. Se formos a um dicionário e chegarmos à excrescência
atazanar, teremos como significado a remissão ao vocábulo atenazar,
que significa torturar, aborrecer, irritar, apertar com tenaz. Atazanar é
uma palavra sem origem, é uma anomalia resultante da pronúncia atrapalhada de atenazar.
Fica-se, portanto, com esta grafia, que é a correta.
A
frase original deve ser reescrita, assim:
Pare
de atenazar os outros.
Pegadinha
19
O
comandante nos disse que ficássemos alertas.
Aqui
está uma dica de português para vestibular e concurso, a qual tem gerado muita controvérsia.
A palavra alerta pertence à classe dos advérbios e, como tais, é
invariável. Não se flexiona para indicar gênero (Ele está alerta.),
como também para indicar número (Permaneço alerta. Permanecemos alerta.
Eles permanecem alerta.). Só se admite variação, quando
substantivada, isto é, quando a palavra estiver acompanhada de artigo (Esqueci
os alertas do comandante.).
Então,
depois da correção da frase inicial, fica assim:
O
comandante nos disse que ficássemos alerta.
Pegadinha
20
Depois
de vinte minutos de interrupção, o árbitro deu continuidade
ao jogo.
Esta
seção de dicas de português para concursos expõe um grande equívoco de uso das palavras
continuidade e continuação, conforme se explica a seguir.
continuidade
— propriedade física da superfície dos corpos;
continuação
— prosseguimento;
Exemplos:
A
continuidade do grande espelho do salão foi afetada por uma rachadura na parte superior
direita.
A
continuidade do leito da ponte foi interrompida por uma trinca de uns dez centímetros,
de lado a lado.
Em
continuação a esta exposição de razões, falarei, agora, sobre os meninos de
rua.
Precisamos
dar continuação àquela partida de xadrez, no prazo máximo de cinco dias contados
de sua interrupção.
Depois
que o aluno alterado retirou-se da sala, o professor deu continuação à aula.
Então,
depois da correção da frase inicial, fica assim:
Depois
de vinte minutos de interrupção, o árbitro deu continuação ao jogo.
Pegadinha
21
A
polícia não pode prendê-lo porque ele é de menor.
Eis
uma seção de dicas de português para vestibulares e concursos cuja sutileza
muita gente boa não percebe. O predicativo dessa frase liga-se ao sujeito com
auxílio de verbo de ligação sem preposição. O povo é que construiu essa
anomalia. Veja outros exemplos de predicativo:
Ele
é sargento do exército.
Ela
é maior de 14 anos.
Ela
é a rainha do colégio.
Ele
é menor de 6 anos.
Meu
pai é professor.
Então,
depois da correção da frase inicial, fica assim:
A polícia
não pode prendê-lo porque ele é menor de idade.
Pegadinha
22
Sou
difícil de fazer amizade.
Neste
tópico de dicas de português para concursos, a frase já se inicia por uma incoerência,
pois ninguém é difícil ou fácil de coisa alguma. Pelo menos, assim se espera. O
que é difícil não é a pessoa, mas sim a ação de fazer amizade. O sujeito
dessa frase é oracional — fazer amizade — e o predicativo é difícil.
O verbo é de ligação — ser.
Então,
depois da correção da frase inicial, fica assim:
É-me
difícil fazer amizade. – ou - Fazer amizade me é
difícil.
ou
Fazer
amizade é difícil para mim.
Pegadinha
23
Já
comuniquei o chefe que a mercadoria chegou.
Esta pegadinha de
português para vestibular e concurso aborda um deslize sutil e corriqueiro, ideal
para uma questão de concurso. Não devemos, jamais, comunicar uma pessoa,
seja ela quem for. O que se comunica é o objeto da comunicação, isto é, o
assunto, o fato ocorrido.
Comunica-se, sim, à
pessoa um determinado fato. O verbo comunicar possui dois objetos. Um deles
é o objeto indireto, que é a pessoa que recebe a comunicação. A esse objeto o
verbo se liga sempre por meio de preposição. O outro complemento verbal é o
objeto direto, que representa o fato comunicado. Veja os seguintes exemplos:
Daniel
comunicou ao Mário a demissão da antiga secretária.
O presidente
comunicou ao povo a decisão que tomara quando decidiu o caso.
O marido comunicou à
mulher que naquele dia não iria almoçar em casa.
Então,
depois da correção da frase inicial, fica assim:
Já
comuniquei ao chefe que a mercadoria chegou.
Pegadinha
24
A
rapariga está meia aborrecida.
Mais
um exemplo de pegadinha que tirou preciosos pontos para a aprovação de muitos vestibulandos
e concursandos. Meia, modificando substantivo, é adjetivo e varia em gênero
e número. Exemplos:
Meio
litro de água. (metade do litro)
Meia
xícara de café. (metade da xícara)
Ele
fala em meias palavras. (metade das palavras, como metáfora de "não
dizer tudo")
Ele
se expressa em meios termos. (idem, explicação acima)
Meio,
modificando adjetivo, é advérbio e, como tal, não varia. Exemplos:
Ela
está meio triste.
As
duas moças permanecem meio confusas.
Então,
depois de corrigida a frase inicial, fica assim:
A rapariga
está meio aborrecida.
Pegadinha
25
Mais
de um artista cantarão.
Este
caso exige-nos atenção redobrada. Embora saibamos que a expressão "mais de
um artista" representa, no mínimo, duas pessoas, devemos levar o verbo à
forma da terceira pessoa singular cantará, fazendo a concordância
gramatical com o numeral um da expressão "mais de um".
Veja outros exemplos:
Mais
de um automóvel foi sorteado.
Mais
de uma mulher assistiu à cena.
Do
mesmo modo, é feita a concordância de frases do tipo Menos de dois alunos
fizeram a prova. Nessa frase, embora compreendamos que a expressão
"menos de dois alunos" representa, quantitativamente, um aluno; a
concordância também é gramatical, com base no numeral dois da expressão
"menos de dois alunos", e não ideológica, isto é, com a idéia
ou sentido que a frase puder sugerir. Outros exemplos:
Menos
de dois livros, foram queimados no incêndio.
Menos
de duas moças saíram antes de o espetáculo se findar.
Então,
depois de corrigida a frase inicial, fica assim:
Mais de um
artista cantará.
Pegadinha
26
Eu
nasci há trinta e cinco anos atrás.
Esta
pegadinha nos lembra uma famosa música dos anos setentas — Eu nasci há dez
mil anos atrás. Há excesso nessa frase! Quando ocorre excesso desse tipo,
dizemos que existe redundância, isto é, repetição viciosa, que só
empobrece a linguagem de quem a comete. O verbo haver, por si só, já representa
"tempo transcorrido", a palavra atrás é redundante. Deve-se,
portanto, escolher — ou se escreve há, do verbo haver, ou atrás.
Então,
depois de corrigida a frase inicial, poderia ser escrita de duas maneiras:
Eu
nasci há trinta e cinco anos.
ou
Eu nasci
trinta e cinco anos atrás.
Pegadinha
27
Viemos
aqui, nesta hora, expressar nosso agradecimento pelo grande favor
que nos fizeram.
Neste
caso, apresenta-se um verbo comumente usado de maneira errada em algumas de suas
formas. Nesta oportunidade falaremos apenas sobre um desses deslizes cometidos com
o uso indevido do verbo vir. Ninguém diz: "estivemos aqui,
nesta hora." Diz-se, porém, no tempo certo: "estamos aqui,
nesta hora." Se é "nesta hora" que o fato ocorre, então, o verbo
deve estar no presente.
Então,
depois da correção, tem sua frase inicial assim escrita:
Vimos
aqui, nesta hora, expressar nosso agradecimento pelo grande favor que nos
fizeram.
Pegadinha
28
O
político que se pode confiar ainda não nasceu.
Este
é erro próprio da fala popular, linguagem que não está nem aí para a regência verbal.
Erros desse tipo são muito explorados em provas de vestibulares e concursos públicos.
Esteja alerta, caro leitor. A regência do verto confiar exige a
preposição em, pois quem confia, confia em alguém, e não confia
alguém.
Este
tópico, depois da correção, tem sua frase inicial escrita assim:
O
político em que se pode confiar ainda não nasceu.
Pegadinha
29
Traze-me
uns pastelzinhos.
Neste
tópico, focalizamos um aspecto muito explorado em provas de vestibulares e concursos
públicos - o plural dos diminutivos em -zinho -, que é feito do seguinte
modo:
A -
leva-se o substantivo ao plural em seu grau normal: pastéis;
B -
retira-se o s final: pastei;
C -
acrescenta-se -zinhos, e pronto: pasteizinhos.
Outros
exemplos:
pãezinhos
carreteizinhos
limõezinhos
caracoizinhos
aneizinhos
Depois
da correção, a frase correta fica assim:
Traze-me
uns pasteizinhos.
Pegadinha
30
O
relógio marcou meio-dia e meio.
Esta
pegadinha que, de vez em quando, figura em provas de vestibular e concurso, sempre
acaba tirando candidatos do páreo. A palavra que se refere a horas é meia e
não meio. Diz-se nove horas e meia, vinte horas e meia e
assim por diante.
Então,
depois da correção, temos a seguinte frase:
O
relógio marcou meio-dia e meia.
Pegadinha
31
Ao
comer, tenha cuidado com os espinhos de
peixe.
Esta
pegadinha apresenta mais uma popularização errônea de uma palavra. Peixe não tem
espinhos. Isso é próprio de certas plantas e, quando muito, do
porco-espinho. Peixe tem espinhas. É bom estar preparado para a
ocorrência de casos como o desta dica, em provas de vestibular e concurso.
Então,
depois da correção, temos a seguinte frase:
Ao
comer, tenha cuidado com as espinhas de peixe.
Pegadinha
32
Nossa
situação está russa.
Esta
pegadinha nos adverte para não confundir estado físico ou mental com estado político. Russa refere-se à Rússia. Quando se quer dizer que a situação
está feia, diz-se que está ruça (com ç), que significa a cor
pardacenta, escura. Em provas de vestibular e concurso, não é raro questões
desse gênero.
Então,
depois da correção, temos a seguinte frase:
Nossa
situação está "ruça".
Pegadinha
33
O
juiz leu os 3º, 4º e 5º parágrafos.
Eis
um tema frequentemente cobrado em provas de vestibular e concurso — a concordância
nominal. A frase em destaque, acima, está mal formulada quanto ao aspecto da
concordância nominal. Mesmo que haja uma lista ou uma série de elementos antes
do artigo, este deve concordar com o elemento mais próximo. O artigo deve ficar
no singular, diante de palavra no singular. Exemplos:
Este
cartório serve a 2ª e 3ª varas de família.
A
revogação atingiu o 4º, 5º, 6º e 7º artigos da antiga lei.
Estamos
discutindo o I e II itens do contrato.
A 1ª,
2ª e 3ª séries terão aulas de educação física.
Então,
depois da correção, temos a seguinte frase:
O
juiz leu o 3º, 4º e 5º parágrafos.
Pegadinha
34
O
chefe reclamou porque a secretária não tinha entregue o
relatório.
Nesta
pegadinha, temos que considerar que existem duas línguas faladas no País — a culta
e a popular. Esta é falada sem nenhuma preocupação com o idioma, enquanto aquela
cujo conhecimento é exigido em provas de vestibular e concurso, subordina-se às
normas da língua portuguesa falada no Brasil.
O
verbo entregar possui dois particípios — entregue e entregado.
Com os verbos ter e haver, usa-se entregado. Por outro
lado, a forma entregue é usada com os verbos ser e estar.
Exemplos:
A
moça não havia entregado o bilhete.
João
já tinha entregado as passagens.
Uma
lista nova é entregue todas as manhãs.
Não
se preocupe, a encomenda foi entregue.
A
mercadoria está entregue.
A
frase acima, depois de corrigida, fica assim:
O
chefe reclamou porque a secretária não tinha entregado o relatório.
Pegadinha
35
Ele se
acorda às seis horas todos os dias.
Nesta
frase o pronome se está tornando a frase incoerente, isto é, o emprego
desse pronome é inadequado. Em provas de vestibular e concurso público, esse
tipo de ocorrência provoca a chamada incoerência textual ou linguagem
inconsequente. Ninguém acorda a si mesmo! Cada indivíduo, simplesmente, acorda
ou, então, é acordado por alguém, algum som alto, um terremoto etc. Agora,
decididamente, acordar a si
mesmo é proeza que escapa à habilidade humana.
A
frase equivocada, depois de corrigida, fica assim:
Ele
acorda às seis horas todos os dias.
Pegadinha
36
O
governo vai criar novos impostos.
A
expressão criar novos é da mesma família de subir pra cima, descer
pra baixo, chutar com os pés etc. Já que não é viável criar nada velho,
escreva-se, pois, apenas criar, e pronto!
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
O
governo vai criar impostos.
Pegadinha
37
Não
me importo que o Palmeiras perca.
Faz-se
três construções com o verbo importar-se, sempre pronominal no sentido
de ter importância ou interesse:
1 -
quando o sujeito for uma oração introduzida pela conjunção integrante que,
o verbo importar deve estar no subjuntivo (exclusivamente para casos
como o da presente dica). Exemplos:
Não
me importa que você discorde.
Não
me importa que o partido perca.
2 -
quando o sujeito não for uma oração, usa-se somente importa, sem a conjunção
que:
Não
me importa a derrota da Argentina.
3 -
se ao verbo seguir a preposição com, emprega-se importo, forma do
presente do indicativo. Exemplos:
Não
me importo com tuas lamúrias.
Não
me importo com frescuras.
Outros
exemplos em outros tempos verbais:
Não
me importará que ele vença a competição.
Não
me importaria que Márcia dissesse a verdade.
Naquela
época, não me importava que a economia fosse mal.
Não
me importaram os elogios baratos.
Não
me importou a vitória inglesa.
Não
me importarei com divertimentos banais.
Não
me importava com coisa alguma.
Depois
da correção, a frase fica assim:
Não
me importa que o Palmeiras perca.
Pegadinha
38
A
palestra agradou os congressistas.
Esta
é uma questão de transitividade verbal. O verbo agradar, usado como
transitivo direto, significa fazer carinho, mimar, enfim fazer as
vontades. Exemplos:
A
mãe agrada o filho recém-nascido, a fim de que ele pare de chorar.
A
namorada agrada o rapaz, com elogios e atenções desmedidos.
Conforme
exposto acima, palestra nenhuma poderá agradar os congressistas ou quem quer
que seja.
Uma boa
palestra, mas só se for boa mesmo, poderá agradar aos congressistas
(note a preposição a); pois o verbo agradar, usado como
transitivo indireto, significa corresponder à expectativa, satisfazer,
produzir agrado. Veja outros exemplos de frases com o verbo agradar,
empregado como transitivo indireto. Exemplos:
O
filme agradou aos estudantes.
A
prova agradou aos candidatos.
O
resultado não agradou a mim.
A
frase inicial, depois da correção, se apresenta assim:
A
palestra agradou aos congressistas.
Pegadinha
38 b
Ganho
apenas um mil reais por mês.
Não
se mistura um (singular) com mil (plural). Com mil só se usam os
numerais dois, três, quatro e os que exprimirem valor superior. Exemplos:
Comprei
mil quilos de farinha.
Vendemos
mil quilos de peixe,
Transportamos
dois mil suínos para o Nordeste.
Trouxemos
seis mil sacas de cimento.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Ganho
apenas mil reais por mês.
Pegadinha
39
O
time perdeu porque seu centroavante não chutou em gol
durante toda a partida.
Neste
caso, quem acaba perdendo, verdadeiramente, é quem diz ou escreve uma frase dessas,
desperdiçando a oportunidade de calar-se. O verbo chutar admite as seguintes regências:
chutar a, chutar para, chutar contra ou,
simplesmente, chutar. Exemplos:
O jogador
chutou a gol.
O
jogador chutou para o gol.
O
jogador chutou contra o gol.
O
goleiro chutou para fora.
O
jogador chutou acima da trave. (E não: ... em cima da trave.)
A
expressão dar chutes pode ser usada, também, com a preposição em.
Exemplos:
O jogador
deu chutes na bola contra o gol adversário.
A
criança dava chutes na porta.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
O
time perdeu porque seu centroavante não chutou a gol durante toda a partida.
Pegadinha
40
Ninguém
sabe aonde eu moro!
Aonde
somente se emprega com verbos e expressões que indicam movimento:
E
agora! Vamos aonde?
Determinaram
sua ida aonde?
Já,
para designar um local, usa-se onde:
Trabalho
onde poucos teriam coragem de trabalhar.
A
frase inicial, devidamente corrigida, fica assim:
Ninguém
sabe onde eu moro!
Pegadinha
41
A
obrigação do preenchimento da guia é do próprio contribuinte!
A
palavra obrigação exige um tipo de preposição, conforme o elemento ao
qual se refere. Referindo-se a nomes, no sentido de fazer uma determinada ação,
obrigação exige a preposição a. Referindo-se a verbos,
exige a preposição de. Já, referindo-se a nomes, usada sempre no plural
(obrigações), no sentido de compromisso, exige a combinação das
preposições para com. Exemplos:
A obrigação
ao alistamento militar é intransmissível. (fazer o
alistamento)
A obrigação
de pagar as custas é do requerente.
Todo
técnico de futebol tem obrigação para com seus jogadores.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
A
obrigação ao preenchimento da guia é do próprio contribuinte!
Pegadinha
42
Toda
a mulher casada deveria saber dirigir automóvel.
Toda
a (note a presença do artigo) significa inteira.
Depois desse entendimento, a frase parece esdrúxula da cabeça aos pés!
Toda
(note a ausência do artigo) significa qualquer.
Agora, sim, a frase passa a ter sentido, pois se quer referir, na frase
inicial, a qualquer mulher, e não à mulher inteira.
Veja
os seguintes exemplos:
Todo
homem deveria falar uma língua além da materna. (qualquer homem)
Todo
o homem tremia de frio. (o homem inteiro)
Toda
a cidade festejou a vitória do time. (a cidade inteira)
Toda
cidade tem problemas com drogas. (qualquer cidade)
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Toda
mulher casada deveria saber dirigir automóvel.
Pegadinha
43
Se
você ver o Marcos, diga-lhe que a data do concurso foi adiada!
Esta
frase representa uma pedra no sapato para muitos candidatos. O futuro do subjuntivo
do verbo ver faz-se assim: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Se
você vir o Marcos, diga-lhe que a data do concurso foi adiada!
Pegadinha
44
Depois
que ouvi a notícia, fiquei curioso por conhecer
aquela cidade.
Eis
um equívoco no uso da regência nominal. Curioso e curiosidade pedem
a preposição de para unirem-se a seus complementos. Algumas vezes,
ficamos curiosos de ou temos curiosidade de alguma coisa, porém
jamais por alguma coisa. Exemplos:
Curioso
de saber por que errava tanto, resolvi ler mais e estudar português.
Curioso
de vê-lo chegar àquela hora, quis saber onde estivera.
A
curiosidade infantil de entender como o rádio funcionava levou-o à
faculdade de engenharia, na qual destacou-se como o mais qualificado aluno.
A
palavra curioso pode ser usada sem complemento. Algumas pessoas são
levadas a confundir a regência nessa construção, achando, erroneamente, que
curioso pede a preposição por. Exemplo:
Sou
curioso por estar sempre inquieto.
Levando
a frase acima à ordem direta, comprova-se que a preposição não é exigida pela palavra
curioso, mas apenas é parte integrante do adjunto adverbial de modo:
Por
estar sempre inquieto, sou curioso.
A
frase correta seria:
Depois
que ouvi a notícia, fiquei curioso de conhecer aquela cidade.
Pegadinha
45
Na
prova, pediam-se cálculos difíceis de resolverem.
A
presente frase apresenta erro no uso do infinitivo. Não se flexiona o
infinitivo que vem depois das expressões difíceis de, fáceis de, bons de,
gostosos de etc. Exemplos:
Filmes
difíceis de compreender.
As
explicações da professora são fáceis de entender.
São
trabalhos bons de realizar.
Bolos
gostosos de saborear.
A
frase acima estará correta, se assim for escrita:
Na
prova, pediam-se cálculos difíceis de resolver.
Pegadinha 46
O
preço do quilo da laranja varia entre um a dois
reais.
Esta
frase é de relativa importância para quem vai prestar provas de concursos. Entre
se relaciona com e, e não com a:
O
espetáculo começará entre vinte e vinte e uma horas.
Se
na frase não constar a palavra entre, tudo bem! Nesse caso, usa-se a
preposição a:
A
altura da fogueira oscilava de trinta a quarenta metros.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
O
preço do quilo da laranja varia entre um e dois reais.
Pegadinha
47
O
touro investiu no capataz.
Nesta
pegadinha, aborda-se a diferença de significado de um verbo, conforme a preposição
que o acompanha. Veja, a seguir, os possíveis significados do verbo investir:
1 -
usado com a preposição em, significa empossar, aplicar dinheiro:
O
presidente do tribunal investiu Márcio no cargo de analista.
Os
corruptos investem em bolsas estrangeiras.
2 -
no sentido de atacar é usado com as preposições contra ou sobre:
A
onça investe contra (ou sobre) o caçador.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
O
touro investiu sobre (ou contra) o capataz.
Pegadinha
48
Fiquem
absolutamente tranquilos, eu ressarço os
acionistas.
Nesta
pegadinha falaremos sobre um verbo com certas anomalias. Trata-se do verbo ressarcir.
Esse verbo só é conjugado nas formas em que o acento tônico não incide no radical.
Desse modo, o presente do indicativo só possui as formas: ressarcimos e ressarcis.
Quando
não existe uma determinada forma verbal, substituímos por outra de mesmo significado.
Em nosso caso, podemos permutar pelas correspondentes formas dos verbos compensar,
indenizar ou outro equivalente.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Fiquem
absolutamente tranquilos, eu indenizo os acionistas.
Pegadinha
49
Estou
sem nenhuma moral para fazer a prova.
O
vocábulo moral (a moral, no feminino) quer dizer relativo à
moralidade, aos bons costumes, que procede conforme à honestidade e à justiça,
que tem bons costumes, diz se de tudo que é decente, educativo e instrutivo
(Dic. Michaelis). Um indivíduo sem nenhuma moral é um devasso.
Já,
no masculino (o moral) quer dizer disposição do espírito, energia
para suportar as dificuldades, os perigos; ânimo. Um indivíduo sem nenhum
moral é alguém desanimado, desmotivado.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Estou
sem nenhum moral para fazer a prova.
Pegadinha
50
A
pessoa cuja a vida é tumultuada, certamente, não consegue concentrar se em nada.
Não
se pospõe artigo ao pronome cujo. A frase inicial, depois de corrigida,
fica assim:
A
pessoa cuja vida é tumultuada, certamente, não consegue concentrar-se em nada.
Pegadinha
51
Aos
14 anos, Emília resolveu ser fleira.
Algumas
pessoas pronunciam e escrevem fleira incorretamente. A grafia
correta é freira, e também é assim que se pronuncia.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Aos
14 anos, Emília resolveu ser freira.
Pegadinha
52
Estou
defronte ao portão.
Não
existe essa construção na língua portuguesa. Faz-se somente defronte de.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Estou
defronte do portão.
Pegadinha
53
As
inscrições para o concurso encerrar-se-ão amanhã.
Veja,
a seguir, as corretas regências de inscrição, inscrito e inscrever.
1 -
Inscrição a:
Fiz
minha inscrição ao concurso do TRT.
As
inscrições ao vestibular iniciam-se amanhã.
2 -
Inscrito em, para:
Você
está inscrito no (ou para o) vestibular.
Estão
inscritos para o (ou no) concurso do TRE.
3 -
Inscrever em:
Para
inscrever-se neste concurso é necessário falar inglês fluentemente.
Ele
se inscreveu no vestibular.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
As
inscrições ao concurso encerrar-se-ão amanhã.
Pegadinha
54
O
professor está para Salvador.
Quem
está, está em algum lugar, e não está para algum lugar. Só
se admite estar para no cálculo de proporções: dois está para três,
assim como nove está para x.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
O
professor está em Salvador.
Pegadinha
55
A
pizza será servida na porta.
Para
se servir pizza na porta, esta precisa antes ser retirada de seu
caixilho e, depois, usada como uma grande bandeja ou tampo de mesa. Aí, sim! A
pizza será servida na porta, como usualmente é servida no prato, na
pedra, ou na superfície de outro utensílio de cozinha próprio para servir
refeições. Exemplos:
A
pizza foi servida no prato.
A
pizza foi servida na mesa de mármore branco.
Agora,
quando se desejar que a pizza seja servida próximo ou junto a um
determinado local, usa-se a preposição a contraída com o artigo a ou
o. Exemplos:
Sirva-nos
à mesa!
A
pizza foi servida ao balcão da lanchonete.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
A
pizza será servida à porta.
Pegadinha
56
O
bandido passou desapercebido pela praça, sem que a
polícia o notasse.
Quando
a intenção é dizer "sem ser notado", usa-se despercebido, e
não desapercebido.
Esta
palavra (desapercebido) significa despreparado, desprevenido.
Exemplos:
O
ladrão entrou, foi à sala, pegou o relógio e saiu despercebido. (despercebido:
sem ser notado; sem que o notassem)
Não
comprei o relógio porque estava desapercebido de dinheiro. (desapercebido:
desprevenido de dinheiro, sem dinheiro)
A
frase inicial, reescrita com correção, fica assim:
O
bandido passou despercebido pela praça, sem que a polícia o notasse.
Pegadinha
57
O
deputado Chico Rapina está engajado à campanha
eleitoral de seu filho.
Engajar
pede a preposição em, e não a. Exemplos:
Resolvi
engajar no exército.
Samuel
está engajado na luta sindical.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
O
deputado Chico Rapina está engajado na campanha eleitoral de seu filho.
Pegadinha
58
A
reunião era somente para professores do 2º e 3º grau.
Eis
uma importante questão de concordância nominal em que deslizaram muitos concursandos.
A chave para o entendimento desse caso é a presença ou não do artigo. A presença
do artigo, antes de cada numeral de uma série, torna optativa a pluralização do
substantivo ao qual se relaciona. Exemplos:
Os
alunos do 1º e do 2º grau farão a prova de português. (Frase correta.)
Os
alunos do 1º e do 2º graus farão a prova de português. (Frase correta.)
Agora,
se não houver repetição do artigo, é obrigatório o uso do plural. Exemplo:
Os
moradores do 6º e 7º andares pagarão condomínio em dobro. (Frase correta.)
Os
moradores do 6º e 7º andar pagarão condomínio em dobro. (Frase ERRADA.)
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
A
reunião era somente para professores do 2º e 3º graus.
Pegadinha
59
Vou
dar um palpite para o jogo de domingo.
Palpite
não se dá para coisa alguma. Somente se dá palpite
sobre ou a respeito de alguma coisa. Exemplos:
Preciso
de um palpite sobre a luta de hoje à noite.
Vou
arriscar um palpite a respeito do paradeiro do Chico.
Sobre
aquilo não dou palpites.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Vou
dar um palpite sobre o jogo de domingo.
Pegadinha
60
O
ministro destinou vultuosa quantia para a execução do projeto.
A
sutil inclusão de uma letra — o u que sucede o t em "vultuoso
— produz uma expressiva alteração de sentido em relação a vultoso.
Vultuoso
quer dizer inchado, volumoso. Exemplos:
Pálpebras
vultuosas.
Rosto
vultuoso.
Vultoso
significa muito grande, de grande vulto, elevado, enorme.
Exemplos:
Verba
vultosa.
Cheque
de valor vultoso.
Silhueta
vultosa.
Receita
vultosa.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
O
ministro destinou vultosa quantia para a execução do projeto.
Pegadinha
61
A
esquadra de Cabral aportou na Bahia
em 1500.
Aportar
quer dizer chegar, chegar ao porto, chegar ao aeroporto etc.
Pela sua regência, aportar exige a preposição a.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
A
esquadra de Cabral aportou à Bahia em 1500.
Pegadinha
62
Ele
bebeu todo o aguardente que havia na garrafa.
Aguardente
é palavra do gênero feminino e, por isso, usa-se com palavras
também no feminino.
Nesta
página de dicas de português para concursos, reescreve-se a frase inicial com correção
do seguinte modo:
Ele
bebeu toda a aguardente que havia na garrafa.
Pegadinha
63
Se
sentirem sede, utilizem o bebedor que
está na sala de recepção.
Bebedor
é aquele que bebe. O sufixo dor designa o agente da ação de
beber. Já bebedouro é o lugar onde se bebe. O sufixo douro informa
o lugar, o local.
Essa
troca indevida de sufixos é muito comum na língua popular. Citem-se como exemplos:
babador
em vez de babadouro
matador
em vez de matadouro
escorregador
em vez de escorregadouro
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Se
sentirem sede, utilizem o bebedouro que está na sala de recepção.
Pegadinha
64
Todas
as vezes em que penso naquele acontecimento, sinto um aperto no coração.
A
grafia correta da locução é todas as vezes que (sem a preposição em).
Nessa locução, por ser temporal, não se usa a preposição em, que é
locativa, isto é, própria para referir se a lugar, local.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Todas
as vezes que penso naquele acontecimento, sinto um aperto no coração.
Pegadinha
65
Antes
de mais nada, devo manifestar o meu apoio a você por sua bela atitude.
Mais
nada é uma expressão que, por si só, indica inexistência de qualquer
coisa, ou seja, negação total. É muito esquisito escrever antes
de qualquer coisa que não existe.
O
correto e, por conseguinte, coerente seria usar expressões do tipo antes de
qualquer coisa, antes de tudo etc.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Antes
de qualquer coisa, devo manifestar o meu apoio a você por sua bela atitude.
Pegadinha
66
O
ministro disse que é na educação onde estão
os mais difíceis problemas nacionais.
Esta
pegadinha nos traz um discreto obstáculo, em que tropeçam muitos concursandos.
O
pronome relativo onde só pode referir-se a lugar físico ou assim
considerado como se o fosse, local. Exemplos:
A
cidade, onde moro, é distante da sua. (onde refere-se
a "cidade", que é um local, um lugar físico)
Esta
é a rua onde a vi pela última vez. (onde refere-se a rua, que é lugar
físico)
O
teatro, onde ela se apresentou, estava lotado. (onde
refere-se a teatro, que é lugar físico)
Mas,
na frase:
Isso
aconteceu numa época onde a superstição fervilhava na cabeça do povo.
(CONSTRUÇÃO
CONDENÁVEL. Onde está se referindo a época, que NÃO é lugar físico.
Empregam-se
os pronomes relativos no qual, na qual, nos quais, nas quais, em que sempre que
o referente não for um lugar físico, um local, para evitar o uso indevido do pronome
onde.
A
frase correta fica assim grafada:
O
ministro disse que é na educação em que estão os mais difíceis problemas nacionais.
Pegadinha
67
Confundiu-me
de modo excessivo as informações.
Esta
pegadinha nos mostra como aumentam as chances de errarmos, quando se coloca o verbo
na frente do sujeito. Sempre que se encontrar uma oração iniciada por verbo, deve-se,
antes de qualquer análise, se possível, colocá-la em ordem direta, isto é, distribuí-la
nesta ordem: sujeito, predicado, complementos e adjuntos. Neste caso, a frase
ficaria assim:
As
informações confundiu-me de modo excessivo.
Agora,
com a oração em ordem direta, ficou mais fácil de perceber o erro de concordância
entre o verbo e o seu sujeito. Então, corrigindo o erro em questão, ter-seia:
As
informações confundiram-me de modo excessivo.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Confundiram-me
de modo excessivo as informações.
Pegadinha
68
A
famosa modelo pousou durante toda a tarde de ontem.
Só
se fosse passarinho, avião ou outra coisa que voa. A modelo faz pose para
o fotógrafo fotografá-la. Se faz pose, o verbo certo é posar.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
A
famosa modelo posou durante toda a tarde de ontem.
Pegadinha
69
O
homem sequer foi admitido no emprego.
Sequer
é uma palavra que deve sempre ser antecedida de negativa. Exemplos:
Tomou
a decisão sem sequer nos avisar. (INCORRETO: Tomou a decisão sequer
nos avisar.)
Não fez sequer
o mínimo que havíamos combinado. (INCORRETO: Fez sequer o mínimo que
havíamos combinado.)
O
contribuinte nem sequer foi notificado. (INCORRETO: O
contribuinte sequer foi notificado.)
Nesta
seção de dicas de português para concursos, o correto seria escrever a frase
inicial da seguinte maneira:
O
homem nem sequer foi admitido no emprego.
Pegadinha
70
É
hora dele aparecer.
O
sujeito não pode ser preposicionado. Frase com sujeito preposicionado é muito comum
na linguagem inculta com sujeitos de verbos no infinitivo. Veja os exemplos a seguir:
CERTO
— É hora de eu aparecer.
ERRADO
— É hora deu aparecer.
CERTO
— No dia de ela chegar, vou ficar muito contente.
ERRADO
— No dia dela chegar, vou ficar muito contente.
CERTO
— Chegou a hora de a onça beber água.
ERRADO
— Chegou a hora da onça beber água.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
É
hora de ele aparecer.
Pegadinha
71
Tratam-se
de assuntos que não me interessam.
O
sujeito da frase é indeterminado. Neste caso, a indeterminação do sujeito é
feita, justapondo-se o pronome se — que funciona como índice de
indeterminação do sujeito — ao verbo na terceira pessoa do singular. Portanto,
o verbo está flexionado de modo ERRADO. A forma verbal correta é no singular "Trata".
Propositadamente, colocaram se os demais elementos no plural, tentando
confundir o leitor, levando-o a fazer a concordância verbal com a palavra assuntos.
Assuntos é complemento do verbo tratar, e
complemento
não influencia na concordância verbal. O verbo só varia para concordar com o
sujeito, e como este é indeterminado pelo pronome "se", o verbo não
poderá sofrer flexão para fazer qualquer tipo de concordância, uma vez que se
sabe que existe sujeito, mas não se sabe quem é, nem quantos são. Observe
outros exemplos
semelhantes
que seguem:
Precisa-se
de carpinteiros.
Nesta
hora, apela-se para todos os meios.
Discordou-se
dos fatos.
Falava-se
de muitas coisas na assembléia.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Trata-se
de assuntos que não me interessam.
Pegadinha
72
O
aluno estava aguardando o professor há mais
de três horas.
O
verbo haver deve concordar com o verbo estar. Se este estiver no
imperfeito ou no mais-que-perfeito do indicativo, a concordância será feita com
a forma havia.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
O
aluno estava aguardando o professor havia mais de três horas.
Pegadinha
73
Não
consegui dar conta do trabalho que levei para mim fazer
em casa.
Mim não
pode ser sujeito. Os pronomes que assumem a função de sujeito são os chamados
pronomes do caso reto — eu, tu, ele, nós, vós, eles. Veja os exemplos seguintes:
Este
casaco é para eu usar nos dias frios. (eu, sujeito
do infinitivo "usar")
Ela
gosta de mim. (mim, objeto indireto da forma verbal "gosta")
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Não
consegui dar conta do trabalho que levei para eu fazer em casa.
Pegadinha
74
A perca daquele
patrimônio transformou-o numa pessoa cética e amarga.
Perca
é a forma verbal da primeira e terceira pessoas do singular do
presente do subjuntivo. Perda é substantivo, que, obviamente, admite ser
precedido de artigo. Exemplos:
Mesmo
que eu perca de início, não desanimarei. (perca é verbo)
Não
me importa que o governo perca. (perca é verbo)
A perda
de um ano de estudos não o abalou. (perda é substantivo)
Não
entro nesse negócio porque quero evitar a perda de meu dinheirinho. (perda
é substantivo)
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
A
perda daquele patrimônio transformou-o numa pessoa cética e amarga.
Pegadinha
75
Você
paga o valor do apartamento e eu o mobilio.
Assim
se conjuga o verbo mobiliar, no presente do indicativo: eu mobílio,
tu mobílias, ele mobília, nós mobiliamos, vós mobiliais, eles mobíliam.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Você
paga o valor do apartamento e eu o mobílio.
Pegadinha
76
O
motorista do ônibus deu uma freiada brusca,
assustando os
passageiros.
Freiada
é um grupo de religiosos denominados freis. Já, o ato de parar o
carro é frear e essa ação chama-se freada.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
O
motorista do ônibus deu uma freada brusca, assustando os passageiros.
Pegadinha
77
Evite
trabalhar em regime de excessão.
Eis
um erro de ortografia. Este tipo de questão é muito explorado em provas de concurso.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Evite
trabalhar em regime de exceção.
Pegadinha
78
Não
lhe disse nada porque o encontrei mau-humorado.
Esta
pegadinha nos adverte do risco de errarmos ao confiarmos no som das palavras. Embora
homófonas na maior parte do Brasil, mau e mal têm significados e
empregos diferençados. Mau faz oposição a bom, e mal se
opõe a bem. Veja os exemplos a seguir:
mau
humor ~ bom humor
mau
cheiro ~ bom cheiro
mau
caráter ~ bom caráter
mal
estar ~ bem estar
mal
afamado ~ bem afamado
mal-intencionado
~ bem intencionado
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Não
lhe disse nada porque o encontrei mal-humorado.
Pegadinha
79
Prefiro
um emprego humilde do que trabalhar
com aqueles corruptos.
Deve-se
preferir uma coisa a outra, e, jamais, uma coisa do que outra.
Exemplos:
Prefiro
laranja a goiaba.
Preferimos
ir a ficar.
Ela preferiu
falar a ficar calada.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Prefiro
um emprego humilde a trabalhar com aqueles corruptos.
Pegadinha
80
Cientistas
provam que existe vestígios de vida em Marte.
O
verbo existir flexiona-se, como outro verbo qualquer, para concordar com
seu sujeito, que, neste caso, é vestígios de vida. Muitas pessoas,
erroneamente, dão o mesmo tratamento do verbo haver ao verbo existir.
Realmente, o verbo haver, no sentido de existir é impessoal. Mas,
o verbo existir é pessoal e varia, normalmente, para concordar com o
sujeito.
A
frase acima, depois da correção, fica assim:
Cientistas
provam que existem vestígios de vida em Marte.
Pegadinha
81
A
negligência nos estudos implicou em sua
reprovação.
O
verbo implicar, no sentido de ter como consequência, acarretar, é
transitivo direto, isto é, não se liga ao seu complemento por meio de
preposição, mas, sim, diretamente. Exemplos:
A
sua dedicação aos estudos implicou a sua aprovação.
O
amor implica muitas renúncias.
A
transgressão implica multa.
A
frase acima, depois da correção, fica assim:
A negligência
nos estudos implicou sua reprovação.
Pegadinha
82
O
concurso está em vias de anulação.
Só
existe uma locução prepositiva na forma plural, que é a expensas de.
Portanto, o correto é em via de. Exemplos:
O
cadastramento já está em via de descontrole administrativo.
Esse
planeta encontra-se em via de extinção.
A
frase acima, depois da correção, fica assim:
O
concurso está em via de anulação.
Pegadinha
83
Prenderam-no
só porque furtou trezentas gramas de queijo.
A
grama é vegetal que embeleza o solo do jardim. O grama é medida
de massa, cuja unidade é o quilograma. Exemplos:
Comprei
um quilo e duzentos gramas de mortadela.
Um
diamante de dois gramas.
Quero
quatrocentos gramas de farinha.
A
frase acima, depois da correção, fica assim:
Prenderam-no
só porque furtou trezentos gramas de queijo.
Pegadinha
84
Ela
tem péssimos hábitos. Porisso,
evito a sua companhia.
Essa
locução deve ser escrita com duas palavras: por isso. Da mesma forma,
escreve-se de repente, e não derrepente.
A
frase acima, depois da correção, fica assim:
Ela
tem péssimos hábitos. Por isso, evito a sua companhia.
Pegadinha
85
Não
tenho nenhum óculos para proteger meus olhos.
Nenhum
se flexiona no plural para concordar com a palavra a que se
refere. Exemplos:
Nenhumas
pessoas deixaram tantas saudades quanto aquelas.
Apesar
de nenhuns alunos quererem compor a comissão, o caso prosseguiu.
A
frase acima, após a correção, fica assim:
Não
tenho nenhuns óculos para proteger meus olhos.
Pegadinha
86
Este
assunto não tem nada haver contigo.
Não
se usa o verbo haver nessas expressões. O correto é nada a ver,
com o verbo ver.
Também,
estaria correto escrever não tem nada que ver. Escreve-se corretamente a
frase inicial do seguinte modo:
Este
assunto não tem nada a ver contigo.
Pegadinha
87
Tereza
deu à luz a uma linda criança.
O
verbo dar possui dois objetos. Um objeto direto e outro indireto.
Exemplos:
Dei
à Helena uma linda bicicleta. (Objeto direto: uma linda bicicleta; objeto
indireto: à Helena)
O
boêmio dá à noite um significado fantasioso. (Objeto direto: um significado fantasioso;
objeto indireto: à noite)
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Tereza
deu à luz uma linda criança.
Pegadinha
88
A
operação durou cerca de uma hora e vinte e três minutos.
A
expressão cerca de denota aproximação, arredondamento. É
inadequado seu uso para introduzir informações numéricas exatas, precisas.
Exemplos:
CERTO:
Cerca de "vinte" pessoas estavam presentes.
ERRADO:
Cerca de "dezessete" pessoas estavam presentes.
CERTO:
O livro tinha cerca de "duzentas" páginas.
ERRADO:
O livro tinha cerca de "cento e noventa e sete" páginas.
CERTO:
Ele fez cerca de mil gols em toda a sua carreira.
ERRADO:
Ele fez cerca de mil e novecentos e noventa e oito gools em toda a
sua carreira.
A
frase acima, depois de corrigida, fica assim:
A
operação durou cerca de duas horas.
Pegadinha
89
Estávamos
em cinco naquela embarcação.
Caro
leitor, por gentileza, responda: O título do famoso romance de Maria José
Dupré é "Éramos em seis" ou "Éramos seis"?
É
claro, a resposta certa é "Éramos seis". A preposição em não
pertence à expressão em análise. Veja os exemplos:
Fomos
cinco naquele fusquinha.
Vieram
oito no helicóptero.
Ficamos
vinte até o final da festa.
A
frase inicial apresenta-se corretamente grafada da seguinte maneira:
Estávamos
cinco naquela embarcação.
Pegadinha
90
Preparem-se!
A prova será daqui há vinte dias.
Na
indicação de tempo futuro, usa-se apenas a. Exemplos:
Estamos
a dois dias da decisão do campeonato, a qual se dará domingo pela manhã.
Tomarei
posse daqui a dez dias.
Na
indicação de tempo passado, usa-se há ou a forma verbal faz.
Exemplos:
Ele
saiu há duas horas. ou Ele saiu faz duas horas.
Eu
voltei há três dias. ou Eu voltei faz três
dias.
A
frase acima, após a correção, fica assim:
Preparem-se!
A prova será daqui a vinte dias.
Pegadinha
91
A
reação surpreendente do time adversário, não
mexeu com a torcida.
Esta
é uma pegadinha muito frequente em provas de português. Não se deve
separar com vírgula o sujeito do seu verbo.
Então,
a frase inicial, depois de corrigida, escreve-se assim:
A
reação surpreendente do time adversário não mexeu com a torcida.
Pegadinha
92
O
homem polue os rios, os mares e as florestas.
Verbos
cujo infinitivo termina em UIR possuem as formas UI ou OI:
evolui, atribui, constrói, destrói. Já, os que têm o infinitivo em UAR,
fazem UE: continue, atenue, jejue, recue. Este tipo de questão é
muito comum em provas de concurso.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
O
homem polui os rios, os mares e as florestas.
Pegadinha
93
Haja
visto os insistentes apelos do povo, o rei fez a concessão tão
esperada.
Há
erro de grafia. O certo é haja vista. Ambas as palavras da expressão
terminam com a letra a.
A
frase acima, depois da correção, fica assim:
Haja
vista os insistentes apelos do povo, o rei fez a concessão tão esperada.
Pegadinha
94
Espero
que vocês viagem com conforto e segurança.
Viagem,
com g, é substantivo:
Tenham
uma boa viagem.
A viagem
durou seis horas.
Viajem,
com j, é verbo:
O
juiz não quer que vocês viajem desacompanhadas de um responsável.
Mesmo
que eles viajem amanhã, ainda chegarão dentro do prazo.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Espero
que vocês viajem com conforto e segurança.
Pegadinha
95
Temo
que o barril de pólvora exploda a
qualquer momento.
O
verbo explodir somente é conjugado em algumas pessoas. Precisamente,
naquelas em que a letra d é sucedida por e ou i. Assim:
A
bomba explode. (CORRETO)
O
carro explodiu. (CORRETO)
Quero
que ela expluda. (ERRADO)
Quero
que ela exploda. (ERRADO)
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Temo
que o barril de pólvora venha a explodir a qualquer momento.
Pegadinha
96
Quando
soubemos da notícia, ficamos todos fora de si.
Si é
pronome das terceiras pessoas (do singular e do plural). O pronome próprio da primeira
pessoa do plural é nós.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Quando
soubemos da notícia, ficamos todos fora de nós.
Pegadinha
97
Ontem,
fizeram três anos que nos conhecemos.
O
verbo fazer, na indicação de tempo, é impessoal.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Ontem,
fez três anos que nos conhecemos.
Pegadinha
98
Hoje,
aquele menino é um homão.
Quem
diz homão, em lugar de homenzarrão, também deve dizer murão,
arvão, pão, casão em lugar, respectivamente, de muro, árvore, pé, casa.
Os aumentativos desses substantivos são, na ordem apresentada acima, muralha,
arvorezão, pezão, casarão. Se preferir, pode-se também dizer: homem
grande, muro grande, árvore grande, pé grande, casa grande.
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Hoje,
aquele menino é um homenzarrão.
ou,
se preferir:
Hoje,
aquele menino é um homem grande.
Pegadinha
99
Encontrei
o livreto no porta-luva.
A
grafia porta-luva é errada. Construções desse tipo fazem-se com o verbo
mais um substantivo no plural, sempre que seja possível a ocorrência, no plural,
desses substantivos. Veja outros exemplos:
porta-aviões
porta-cabos
porta-cigarros
porta-guardanapos
porta-revistas
porta-seios
A
frase inicial, depois de corrigida, fica assim:
Encontrei
o livreto no porta-luvas.
Pegadinha
100
O
ônibus passa na porta de minha empresa.
Passar
na porta é passar sobre a porta. Isso, de alguma forma, seria um
despropósito, se pudesse ocorrer habitualmente. Exceto os casos acidentais,
normalmente, diz-se que os veículos passam à porta, ao portão
etc.
Escreveremos
a frase original da seguinte maneira:
O
ônibus passa à porta de minha empresa.
Pegadinha
101
O
jogador virou a cabeça para o outro lado.
Essa
frase é de um famoso locutor esportivo de TV. Seria impossível para alguém conseguir
virar a cabeça para o mesmo lado. Partindo dessa óbvia constatação,
melhor seria virar a cabeça para a esquerda ou para a direita.
Escreveremos
a frase original da seguinte maneira:
O
jogador virou a cabeça para o lado direito.
Pegadinha
102
O
jogo transcorreu debaixo de chuva.
Essa
pérola, como a anterior, é do mesmo autor, um insigne locutor esportivo de TV.
Esse
destaque do célebre comunicador nos remete a um quadro um tanto bizarro: Assistir
a uma partida de futebol, em que os times joguem em cima de chuva.
Sejamos menos extravagantes, dizendo apenas na chuva. Por acaso, o
leitor já assistiu ao filme "Dançando na chuva",
"Cantando na chuva".
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
O
jogo transcorreu na chuva.
Pegadinha
103
Senha
cadastrada com sucesso!
A
frase acima não contém nenhum erro de português. Trouxemo-la para dar ao leitor
uma ideia de excesso textual, que não deixa de ser, em nível mais brando, a
utilização do recurso "enchimento de linguiça", acrescido de
certa dose de incoerência. Por acaso, o leitor já ouviu falar em alguma senha
que tivesse sido cadastrada "sem sucesso"? Cremos que isso não tenha
acontecido, pois se foi cadastrada, já se conseguiu o que queria. Tudo que vier
depois disso é excesso e, como toda extravagância na escrita, só serve para
cansar o leitor e empobrecer o texto. Fato que deve ser levado em conta quando
se faz uma redação.
Escreve-se
corretamente:
Senha
cadastrada.
Pegadinha
104
O
presidente decidiu visitar os gaúchos, desembarcando ao norte
do Rio Grande do Sul!
Manchete
como essa nos deixa perplexos diante das incertezas de uma decisão. Ao
norte do Rio Grande do Sul, fica Santa Catarina. Para visitar os gaúchos,
melhor seria desembarcar no norte do Rio Grande do Sul. Quem desembarca
bem, desembarca em algum lugar. Já, os que não sabem o que querem,
talvez por não conhecerem a língua que falam, desembarcam a algum
lugar, que não deixa de ser um modo ridículo e errado de desembarcar.
Sejamos
coerentes e escrevamos assim com correção:
O
presidente decidiu visitar os gaúchos, desembarcando no norte do Rio Grande do
Sul.
Pegadinha
105
As
ruas estão molhadas posto que choveu.
Posto
que é conjunção subordinativa concessiva e equivale a embora.
Alguns, por desconhecerem a língua que falam, usam-na com valor de coordenativa
explicativa, em lugar de porque. Ninguém, em perfeito juízo e conhecedor
do Português, dirá "Não atravessem a rua fora da faixa de pedestre, embora
(= posto que) podem se machucar"; mas sim, "Não
atravessem a rua fora da faixa de pedestre, porque podem se machucar"
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
As
ruas estão molhadas porque choveu.
Pegadinha
106
Em
confirmação à sua teoria, manifesto minha aprovação.
Deve-se
dizer que não se faz confirmação a nenhuma teoria. O correto seria fazer
confirmação de teoria, tese etc.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Em
confirmação de sua teoria, manifesto minha aprovação.
Pegadinha
107
Dá-se
aulas particulares de piano.
Os
que anunciam dessa forma a sua disposição em dar aulas de piano podem ser notáveis
mestres do instrumento, mas estão desafinando do Português. O verbo "dar",
que esta na voz passiva, deve concordar com seu sujeito "aulas".
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Dão-se
aulas particulares de piano.
Pegadinha
108
Manter
o mais absoluto sigilo.
Há
redundâncias agasalhadas pela língua, como, por exemplo, antídoto contra,
concordar com. Há outras chamadas redundâncias viciosas, condenadas pela
língua culta, cujo exemplo pode ser a redundância ilustrada na frase
evidenciada acima. Quando se diz absoluto, aí já está o mais, o
infinito, o ilimitado, e, logicamente, não há lugar para aumentativo.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Manter
absoluto sigilo.
Pegadinha
109
Ela
já se habituou com o trabalho.
É
melhor habituar-se, primeiramente, à regência correta desse
verbo. O correto é habituar-se a. Note a preposição a. Habituar-se
a trabalhar, habituar-se ao trabalho. Alguém precisa habituar-se
a escrever com correção.
A
frase inicial, após a correção, fica assim:
Ela
já se habituou ao trabalho.
Pegadinha
110
Esse
rapaz sai com cada besteira!
No sentido de atrever-se,
ousar, o correto é escrever sair-se. Usa-se sair-se também
com o significado de escapar-se, livrar-se. Veja os exemplos abaixo:
Às vezes ela se
sai com cada uma!
O político ouviu a
ofensa e saiu-se com muita criatividade, como sempre.
Ao ver que haviam
depositado o dinheiro em minha conta, procurei sair-me da incômoda dívida.
A
frase inicial, após a correção, fica assim:
Esse
rapaz sai-se com cada besteira!
Pegadinha
111
Minha
filha está grávida, mas ela não quer uma filha mulher.
Abaixo
a discriminação! Todavia, os gostos devem ser respeitados. O que não merece respeito
é a negligência no uso do idioma, principalmente quando se deixa margem à dúvida
ao determinar o sexo da filha por intermédio de uma redundância viciosa, como se
fosse possível existir uma filha "homem", mesmo admitindo certas
tendências.
A
frase inicial, após a correção, fica assim:
Minha
filha está grávida, mas ela não quer uma menina.
Pegadinha
112
O
discurso, visto sob esse prisma, chega a ser uma afronta.
Prisma
é um cristal com duas faces planas inclinadas, que decompõe a luz. A luz, portanto,
passa através do prisma ou, também, pelo prisma. Não seria
correto dizer que a luz passa sob o prisma.
A
frase inicial, após a correção, fica assim:
O
discurso, visto através deste prisma, chega a ser uma afronta.
ou
O
discurso, visto por este prisma, chega a ser uma afronta.
Pegadinha
113
Residente
na rua das goiabeiras.
Os
nomes de logradouros públicos são grafados com iniciais maiúsculas. Avenida
Getúlio Vargas, Bosque das Mansões, Jardim das Acácias
etc.
A
frase inicial, após a correção, fica assim:
Residente
na Rua das Goiabeiras.
Pegadinha
114
No
quintal, havia um pé de laranjeira.
A
palavra pé possui vários significados em português. Aqui, ela está sendo
usada no sentido de exemplar individual de uma planta. Nesse
significado, dizer pé de goiabeira, por exemplo, pode-se imaginar
a bizarra imagem de uma árvore com dezenas de outras menores dependuradas de
seus ramos. Naturalmente, diz-se pé de goiaba. Pé de café em vez
de pé de cafeeiro, e por aí se vai.
A
frase inicial, após a correção, fica assim:
No
quintal, havia um pé de laranja.
Pegadinha
115
Aquela
moça é tal qual suas amigas.
O
problema, aqui, é de concordância. Tal concorda com o termo antecedente moça.
Qual
deveria concordar com o consequente amigas. Veja os
exemplos:
Esse
menino é tal quais os pais.
Aqueles
discípulos são tais qual seu mestre.
Percebe-se
que os garotos são tais quais seus pais.
O
correto é escrever:
Aquela
moça é tal quais suas amigas.
Pegadinha
116
Encontrei
bastante pessoas na praia.
A
palavra bastante pode ser adjetivo ou advérbio. Para
classificá-la corretamente deve- se substituí-la por muito ou muita.
Se uma destas palavras variar, bastante é adjetivo; se não sofrer
variação, é advérbio. Veja os dois blocos de frases abaixo:
Se adjetivo,
sofre variação:
Trouxeram
bastantes frutas para o lanche da manhã. (bastantes = muitas)
Compareceram
bastantes moças na festa. (bastantes = muitas)
No
inverno passado, colhi bastantes frutos neste pomar. (bastantes =
muitos)
Na
caravana presidencial, viam-se bastantes mordomos. (bastantes = muitos)
Nem
sei quantos livros há na minha biblioteca, mas sei que li bastantes. (bastantes
= muitos)
Se advérbio,
NÃO sofre variação:
Eles
estudaram bastante, por isso foram aprovados no concurso. (bastante =
muito)
As
pessoas que dormem cedo e acordam cedo vivem bastante. (bastante =
muito)
As
moças eram bastante bonitas. (bastante = muito)
Li bastante
em minha vida. (bastante = muito)
Nesta
página de dicas de português para concursos, escreve-se corretamente:
Encontrei
bastantes pessoas na praia. Encontrei muitas pessoas na praia.
Pegadinha
117
O
réu está em lugar incerto e não
sabido.
Estamos
diante de umas das "pérolas" do judiciário, para nenhum cartorário
botar defeito. O réu que está numa situação como a expressa pela frase acima,
em destaque, está duas vezes em lugar incerto ou duas vezes em lugar não
sabido. Na realidade, isto é, fora da hermenêutica judiciária, uma
expressão exclui a outra porque a segunda retifica a primeira. Então,
usar-se-á, neste caso, a conjunção ou.
Escreve-se
corretamente:
O
réu está em lugar incerto ou não sabido.
Pegadinha
118
Dirija-se
ao Departamento Pessoal.
Poucas
pessoas, no ambiente corporativo, poderão se interessar por uma partícula tão reduzida
como a preposição de, uma vez que a moda em gestão empresarial é pensar grande.
Pois é, é nisso que dá! Por que não escrevem também Departamento Relações Humanas
em vez de Departamento de Relações Humanas, que é o correto; ou, então, Departamento
Compras em vez de Departamento de Compras, que é o certo.
Escreve-se
corretamente:
Dirija-se
ao Departamento de Pessoal.
Pegadinha
119
Nós,
que trabalhamos com o público, às vezes, engulimos sapos.
E
nós não engolimos esse erro de português, uma vez que o verbo engolir,
no presente do indicativo, assim é conjugado: engulo, engoles, engole,
engolimos, engolis, engolem.
Escreve-se
com correção:
Nós,
que trabalhamos com o público, às vezes, engolimos sapos.
Pegadinha
120
Dei
a ela um ramalhete de flor.
O
substantivo, precedido de palavra que exprime valor de coletivo, deve estar
sempre na forma plural. Exemplos:
Caixa de fósforos.
Balaio de roupas.
Maço de cigarros.
Por um punhado de dólares.
Par de sapatos.
Escreve-se com
correção:
Dei
a ela um ramalhete de flores.
Pegadinha
121
O
quarto em que ele dormira, três horas depois, ainda cheirava
cachaça.
O
quarto não cheira nada porque não tem olfato. O verbo cheirar é
transitivo indireto e exige a preposição a, no sentido de exalar
cheiro. Exemplos:
Está
cheirando a queimado.
A
Praia de Imbituba cheirava a maresia, depois da ressaca.
Aquelas
flores cheiravam a perfumes estranhos.
Escreve-se
corretamente:
O
quarto em que ele dormira, três horas depois, ainda cheirava a cachaça.
Pegadinha
122
Ao invés
de jantar, saiu para caminhar.
Há
muita confusão no uso das expressões ao invés de e em vez de. Ao
invés de indica situação oposta, diretamente contrária. Em vez de
assinala permuta, simples troca, escolha. Exemplos:
Ele
encontrou a porta entreaberta e, ao invés de fechá-la, decidiu abri-la
mais ainda. (abrir é diretamente oposto a fechar)
Ao
invés de sorrir, ela chorou. (chorar é diretamente oposto a sorrir)
Resolvi
ir caminhar, em vez de jogar sinuca. (caminhar não é o oposto de jogar
sinuca; é apenas uma escolha, entre tantas outras ações)
Escreve-se
corretamente:
Em
vez de jantar, saiu para caminhar.
Pegadinha
123
Nomearam
Pedro no cargo de supervisor.
Eis,
aqui, uma nomeação inadequada. Pelo menos, do ponto de vista gramatical. A correta
nomeação dá-se com as preposições como, para, por. Exemplos:
Resolveu-se
nomeá-lo para chefe do setor.
Ontem,
fui nomeado para investigar o caso.
Nomearam
Cláudia para a chefia do departamento.
O
presidente nomeou-o por secretário.
O
ministro nomeou-o como superintendente.
Escreve-se
com correção:
Nomearam
Pedro para o cargo de supervisor.
Pegadinha
124
Carlos
apaixonou-se por Judite, por isso namora com essa
moça.
Isso
é “coisa” que jamais irá acontecer. Namorar com é namorar em
companhia de alguém. Antigamente, nossos avós namoravam com alguém que
vigiava o namoro.
Hoje,
os tempos são outros. Namora-se alguém, a sós, simplesmente. Os namorados não se
sentem à vontade quando namoram com qualquer pessoa na sala, no jardim
etc. O bom é que estejam sozinhos; pelo menos para os namorados.
Escreve-se
corretamente:
Carlos
apaixonou-se por Judite, por isso namora essa moça.
Pegadinha
125
Houveram
problemas de difícil solução.
O
verbo haver, no sentido de “existir”, é impessoal, ou seja, não tem sujeito e
deve aparecer sempre na terceira pessoa do singular. Portanto, a forma correta
é Houve problemas, sendo problemas o complemento (objeto) do verbo, não seu
sujeito. A flexão indevida de haver é muito freqüente no Brasil, mas nunca
ocorre quando o verbo se encontra no presente, só em outros tempos.
Com
efeito, ninguém diria “Hão dificuldades”, mas dizem, equivocadamente, “Haviam” ou
“Haverão dificuldades”. Atenção: se se tratar de locução verbal, o verbo
auxiliar será afetado pela mesma impessoalidade, ou seja, deverá sempre ser
flexionado no singular: Deve haver mais candidatos, Poderá haver outras
exigências.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Houve
problemas de difícil solução.
Pegadinha
126
Moro
naquele conjunto de casas germinadas.
As
casas só podem ser "geminadas", pois a palavra é derivada de gêmeos.
"Germinadas" nem pensar!
Germinar
significa brotar, abrolhar, grelar, crescer, difundir-se, gerar, produzir :
Os
grãos germinaram nos campos.
De
uma boa palavra germina o bem.
A
leitura do texto germinou a controvérsia.
A
frase inicial, depois da correção, fica assim:
Moro
naquele conjunto de casas geminadas.
Busquei no dicionário e encontrei:
ResponderExcluiratenazar
a.te.na.zar
(a1+tenaz+ar2) vtd 1 Atormentar (o réu) apertando as carnes com tenaz fria ou incandescente.
atazanar
a.ta.za.nar
(metát de atanazar) 1 Espicaçar, estimular. 2 Azucrinar, importunar, maçar.
Portanto, as duas palavras podem ser usadas.
A página é excelente. A única questão é referir-se a essas particularidades da língua portuguesa como pegadinhas.
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