Estilo e linguagem
O romance de Joaquim Manuel de Macedo é escrito numa linguagem ágil e viva, introduzindo o leitor diretamente no centro da ação. Um bom exemplo é o Capítulo I – "Aposta Imprudente", em que o diálogo entre os estudantes é reproduzido de modo quase teatral, praticamente sem interferências do narrador onisciente. Ao longo do texto, o narrador limita-se a conduzir o leitor pelos ambientes e pelo interior dos personagens, como no caso do Capítulo XIX – "Entremos nos Corações". Desse modo, faz o leitor acompanhar todas as ações. Algumas vezes comenta irônica e metalinguisticamente essa atitude, como o exemplo abaixo, retirado do Capítulo XV – "Um Dia em Quatro Palavras":
Macedo costuma ser econômico nos comentários e nas descrições. Repare nesse trecho do Capítulo XVI – "O Sarau":
A linguagem, por sua vez, é sempre clara e simples, aproximando-se do coloquial e incorporando ditos populares (o título do Capítulo XVII, por exemplo, é "Foram Buscar Lã e Saíram Tosquiadas") ou brincando com termos eruditos (o título do Capítulo XIV é "Pedilúvio Sentimental").
Todos esses procedimentos fazem lembrar a pretendida e consciente adequação do texto a seu público leitor e reforçam seu caráter de entretenimento puro e descomprometido.
Estrutura da narrativa: a progressão e o flash-back
Se o narrador sabe conduzir o leitor pelos meandros da história sem perda de tempo, sabe também quando é necessário ceder sua voz aos personagens, a fim de retardar o fluxo narrativo. É o que acontece, por exemplo, no Capítulo II – "Fabrício em Apuros", quando é reproduzida na íntegra a longa carta de Fabrício a Augusto. Essa carta, além de conter informações essenciais da história, vale por uma autêntica aula (nem sempre desprovida de crítica e ironia) sobre o amor romântico.O mesmo narrador cede quatro capítulos (do VII ao X) para reproduzir não apenas a esclarecedora conversa entre Augusto e D. Ana na gruta, como também o texto da lírica balada cantada por Carolina. Nesses casos, percebe-se claramente a vocação do romance para incorporar, mesmo que de modo quase abrupto e artificial, outros gêneros literários, como a poesia lírica.
O caminho para o triunfo do amor
Após o idílico fim de semana na ilha, tudo caminha com as devidas e necessárias etapas preparatórias para um final bem-sucedido. São etapas que incluem a doce submissão amorosa e as árduas dificuldades que o amor terá de superar para se concretizar. Augusto, impedido pelo pai de ver sua amada, sofre irremediavelmente. Um médico é chamado e os dois mantêm o interessante diálogo:
Dois "romances" com final feliz
O triunfo final do amor vai gerar, de quebra, a criação da própria obra. Augusto, iniciado agora na genuína experiência amorosa, tornou-se também, por uma dessas "mágicas" ingênuas, mas de grande efeito, autor de romances.
O romance de Joaquim Manuel de Macedo é escrito numa linguagem ágil e viva, introduzindo o leitor diretamente no centro da ação. Um bom exemplo é o Capítulo I – "Aposta Imprudente", em que o diálogo entre os estudantes é reproduzido de modo quase teatral, praticamente sem interferências do narrador onisciente. Ao longo do texto, o narrador limita-se a conduzir o leitor pelos ambientes e pelo interior dos personagens, como no caso do Capítulo XIX – "Entremos nos Corações". Desse modo, faz o leitor acompanhar todas as ações. Algumas vezes comenta irônica e metalinguisticamente essa atitude, como o exemplo abaixo, retirado do Capítulo XV – "Um Dia em Quatro Palavras":
"São seis horas da manhã e todos dormem ainda a sono solto. Um autor pode entrar em toda parte e, pois... não. Não, alto lá! No gabinete das moças... não senhor; no dos rapazes ainda bem. A porta está aberta." | ||
Macedo costuma ser econômico nos comentários e nas descrições. Repare nesse trecho do Capítulo XVI – "O Sarau":
"Neste momento a orquestra assinalou o começo do sarau. É preciso antecipar que nos não vamos dar ao trabalho de descrever este; é um sarau como todos os outros [...]". | ||
A linguagem, por sua vez, é sempre clara e simples, aproximando-se do coloquial e incorporando ditos populares (o título do Capítulo XVII, por exemplo, é "Foram Buscar Lã e Saíram Tosquiadas") ou brincando com termos eruditos (o título do Capítulo XIV é "Pedilúvio Sentimental").
Todos esses procedimentos fazem lembrar a pretendida e consciente adequação do texto a seu público leitor e reforçam seu caráter de entretenimento puro e descomprometido.
Estrutura da narrativa: a progressão e o flash-back
Se o narrador sabe conduzir o leitor pelos meandros da história sem perda de tempo, sabe também quando é necessário ceder sua voz aos personagens, a fim de retardar o fluxo narrativo. É o que acontece, por exemplo, no Capítulo II – "Fabrício em Apuros", quando é reproduzida na íntegra a longa carta de Fabrício a Augusto. Essa carta, além de conter informações essenciais da história, vale por uma autêntica aula (nem sempre desprovida de crítica e ironia) sobre o amor romântico.O mesmo narrador cede quatro capítulos (do VII ao X) para reproduzir não apenas a esclarecedora conversa entre Augusto e D. Ana na gruta, como também o texto da lírica balada cantada por Carolina. Nesses casos, percebe-se claramente a vocação do romance para incorporar, mesmo que de modo quase abrupto e artificial, outros gêneros literários, como a poesia lírica.
O caminho para o triunfo do amor
Após o idílico fim de semana na ilha, tudo caminha com as devidas e necessárias etapas preparatórias para um final bem-sucedido. São etapas que incluem a doce submissão amorosa e as árduas dificuldades que o amor terá de superar para se concretizar. Augusto, impedido pelo pai de ver sua amada, sofre irremediavelmente. Um médico é chamado e os dois mantêm o interessante diálogo:
"Augusto sujeitou-se com brandura ao exame necessário e quando o médico lhe perguntou:
– O que sente?Ele respondeu com toda fria segurança do homem determinado: – Eu amo. – E mais nada? – Oh! sr. doutor, julga isso pouco?" | ||
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Dois "romances" com final feliz
O triunfo final do amor vai gerar, de quebra, a criação da própria obra. Augusto, iniciado agora na genuína experiência amorosa, tornou-se também, por uma dessas "mágicas" ingênuas, mas de grande efeito, autor de romances.
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Vida e obra |
O pai de uma criança travessa e impertinente
No prefácio de A Moreninha, intitulado "Duas Palavras", Joaquim Manuel de Macedo pede aos leitores que sejam condescendentes com a própria obra, a qual sabe estar "cheia de irregularidades e defeitos". Para isso, elabora uma curiosa metáfora: para o autor, o livro é como um filho querido e Macedo, pai de primeira viagem, afirma que sua criança se revelou tão travessa e impertinente que não restou a ele outra alternativa a não ser depositá-la nas mãos do público. O autor pede perdão dos "senões, maus modos e leviandades", garantindo que seus outros três "filhos" terão educação mais severa.
Sucesso literário
O público não só perdoou o "extremoso pai", como fez da sua primeira "cria" um dos maiores sucessos de toda a história da Literatura brasileira, consolidando de vez a plena aceitação do romance como gênero literário. A metáfora torna-se ainda mais curiosa quando sabemos que seu autor, embora casado, nunca teve filhos. Joaquim Manuel de Macedo nasceu em Itaboraí, pequena cidade do Rio de Janeiro, em 1820. Formou-se em Medicina, entretanto, nunca exerceu a profissão. Desde jovem, dedicou-se ao jornalismo. Embora não existam dados biográficos que confirmem, há a hipótese de que seu personagem Augusto, estudante de Medicina e candidato a escritor, tenha algum dado autobiográfico. A partir da fama obtida com seu primeiro romance, o autor dedicou-se à literatura pelo resto de sua vida, tendo publicado dezenas de obras, entre as quais se destacam os romances O Moço Loiro (1845) e A Luneta Mágica (1869).
Durante muitos anos, exerceu o cargo de professor de Geografia e História do Brasil no tradicional Colégio Pedro II. Tornou-se amigo da família imperial e passou a servir de preceptor dos filhos da Princesa Isabel. Sua popularidade como figura pública da época lhe permitiu o acesso à carreira política, tornando-se deputado do Partido Liberal. Morreu em 1882, no Rio de Janeiro.
Fonte: http://vestibular.uol.com.br |
Excelente material para pesquisa literária pois muito contribuiu para meus conhecimentos.Sou apaixonada pelos clássicos.
ResponderExcluirÓtimo estudo da obra
ResponderExcluirkaracan te achei buu
Excluirby Alejandra <3
Achei vcs duas aqui, mds akjsdha
Excluir- Ana Clara
otimo estudo
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