segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Análise 31 - Amor de Perdição


Publicado em 1862, Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, é um marco do Ultrarromantismo português. Muito bem recebido pelo público em seu lançamento, acabou se tornando uma espécie de Romeu e Julieta lusitano

Nesta novela passional e exemplar pela temática, o escritor Camilo Castelo Branco levou às últimas consequências a ideia de submeter a vida aos ditames do sentimento.


O livro trata do amor impossível e discute a oposição entre a emoção e os limites impostos pela sociedade à realização dos ideais românticos.

Temática recorrente na obra de Castelo Branco, o amor inviabilizado é justificado por diversos motivos, entre eles a rivalidade familiar. Sem o objeto da paixão, o herói romântico confirma sua sina trágica.   

Uma novela ultrarromântica

Aplaudido pelo público em seu lançamento, Amor de Perdição tornou-se um clássico de amor lusitano. Nele, o mesmo amor que redime, resulta em morte, conforme antecipa o narrador-autor na introdução ao comentar o destino de seu herói: "Amou, perdeu-se e morreu amando". 


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Obra-prima do Ultrarromantismo português, Amor de Perdição tem um narrador em primeira pessoa que não participa dos acontecimentos, mas conhece os fatos passados por "ouvir falar"e "por pesquisar em documentos".

A apoteose do sentimento 

O livro conta a história do amor impossível de dois jovens, separados pelas rivalidades de suas famílias – os Albuquerque e Botelho, moradoras da cidade de Viseu, em Portugal, e inimigos por questões financeiras. O corregedor Domingos Botelho e sua mulher Rita Preciosa têm cinco filhos. Entre eles, Simão, que desde pequeno mostra o gênio explosivo e indolente, e Manuel, que é calmo e ponderado. O primeiro vai estudar em Coimbra depois de uma confusão doméstica, em que toma a defesa de um criado da família. Lá, adota os ideais igualitários da Revolução Francesa e acaba preso durante seis meses por badernas e arruaças. Quando sai da cadeia, volta a Viseu, onde conhece Teresa, 15 anos, vizinha e filha da família inimiga, por quem se apaixona.  


Para lembrar
Para separar os dois enamorados, o pai de Teresa ameaça mandá-la para o convento e Domingos Botelho envia Simão novamente a Coimbra. Uma velha mendiga faz o papel de pombo-correio do casal, trocando cartas. Movido pelo amor à Teresa, Simão decide se regenerar e estudar muito.


Nesse meio tempo, o irmão Manuel, que viera a Coimbra, foge para a Espanha com uma açoriana casada. A irmã caçula de Simão, Ritinha, se faz amiga de Teresa. O pai da heroína quer casá-la com o primo Baltasar Coutinho – ordem que a moça se nega a cumprir. As intenções do pai da amada fazem Simão retornar clandestinamente para Viseu, hospedando-se na casa de um ferreiro, João da Cruz, antigo conhecido da família. Combina avistar-se às escondidas com Teresa no aniversário dela, mas o encontro é transferido porque Teresa é seguida. Na data, Simão comparece com o ferreiro João da Cruz e outros amigos e encontra Baltasar, que vem para matar Simão na companhia de criados – dois deles mortos no confronto. Ferido, Simão convalesce na casa de João da Cruz. Teresa vai para um convento. Mariana, a filha do ferreiro apaixonada por Simão, empresta a ele suas economias para que vá atrás de Teresa, dizendo que o dinheiro pertence à mãe do protagonista.


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No dia em que Teresa deve mudar de convento, Simão decide raptá-la. Ocorre então um novo confronto com Baltasar Coutinho, que leva um tiro na testa e cai morto. Simão entrega-se à polícia, vai preso e dispensa a ajuda da família para sair da cadeia. Levado a julgamento, é condenado à forca.


Enquanto isso, Mariana enlouquece de amor e a saúde de Teresa definha no convento.
Na cadeia, Simão passa os dias lendo e escrevendo cartas. João da Cruz é assassinado pelo filho do criado de Baltasar Coutinho. Mariana, que estava no Porto, volta a Viseu para tomar posse da herança, confiada a Simão. Tardiamente, o pai de Simão pede que sua pena seja comutada em dez anos de prisão, mas o filho rejeita a ajuda paterna. Prefere o desterro para as Índias. No dia da partida da nau dos condenados, Teresa morre no convento.

Ao inteirar-se da morte da amada, Simão adoece e morre no décimo dia de viagem. 
Quando o corpo é jogado ao mar, Mariana se lança da proa, suicidando-se abraçada à mortalha do amado.   


Para lembrar
O narrador-autor de Amor de Perdição conta fatos reais romanceados a partir dos relatos de uma tia que o criou. Preocupa-se em transcrever documentos para dar autenticidade às aventuras que vai narrar. Essa preocupação do autor é um recurso romântico para mobilizar e envolver o leitor com a intenção de comovê-lo.

No ultrarromantismo, a heroína apaixonada cultiva a solidão e seu amor trágico quase sempre resulta em morte.

Cenário em movimento

A novela desenrola-se em Portugal do século XIX, fase final do Absolutismo, período em que a Corte portuguesa experimenta as consequências das invasões francesas determinadas por Napoleão Bonaparte. 


Em Amor de Perdição, o deslocamento dos personagens para as cidades de Viseu, Coimbra e Porto apenas reflete a complexidade das situações que as envolvem, mas não determina os acontecimentos. Ainda assim, as referências às cidades permitem ao leitor ter uma visão mais ampla da moral vigente e do provincianismo da sociedade portuguesa da época, onde a tradição familiar e a preocupação com a reputação prevalecem sobre o indivíduo.

Novela com muitos narradores
Camilo Castelo Branco conta sua história de maneira densa e ágil, intercalando com maestria a narração e os diálogos. 

Sem deixar de afirmar o caráter verídico dos fatos que descreve, o narrador-autor assume que se vale mais da memória do que da realidade dos fatos, ao mesmo tempo que se utiliza de inúmeros documentos para afastar dúvidas quanto à credibilidade do que conta. É um narrador que se posiciona como contador de fatos já ocorridos. "Já lá se vão cinquenta e sete anos [...]", diz a carta de tia Rita. 

Ao relatar a forma como conseguiu os documentos para reconstituir "a triste história de meu tio paterno Simão Botelho", o narrador está com o foco centrado na primeira pessoa. Assim que começa a descrever os fatos ocorridos a cada um dos personagens, torna-se um narrador de terceira pessoa.

Amor por correspondência

As cartas trocadas entre os apaixonados protagonistas, inseridas no livro, são um importante recurso retórico que intensifica o teor passional e dramático da história. Trazendo emoções e confissões de Simão e Teresa, os textos os transformam também em narradores. Amor de Perdição é, portanto, uma obra que possui múltiplos narradores. Deve-se destacar também o pessoalismo do narrador-autor, que de vez em quando interfere para julgar ou ponderar –mostrando comoção ou indignação. 

Mas sem se alongar demais nas suas digressões a ponto de prejudicar a ação. 

Ação em ordem cronológica 

Em Amor de Perdição, os acontecimentos desenrolam-se de uma maneira bastante linear e em ordem cronológica, privilegiando a ação em vez da descrição praticada pelos realistas. Exemplar no gênero novela passional, a obra tem uma única trama central – a infeliz história de amor entre Teresa e Simão, repleta de desavenças, infortúnios, crimes, mortes, fugas e tentativas de rapto –, em torno da qual se movimentam os outros personagens, enfatizados a cada capítulo. 

Uma linguagem popular

"Rapidez das peripécias, a derivação concisa do diálogo para pontos essenciais do enredo, a ausência de divagações filosóficas, a lhaneza de linguagem e o desartifício das locuções." É assim que o próprio Castelo Branco justifica o sucesso de seu romance. A explicação está incluída no prefácio da segunda edição da novela, que o escritor desdenhava no início por tê-la produzido em apenas 15 dias, enquanto estava preso. 


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Embora tenha escrito febrilmente para sustentar a família e produzido certa vez quatro livros ao mesmo tempo, Camilo manteve sempre o cuidado estilístico e a preocupação com a pureza da linguagem. Se aos personagens mais populares, emprestava uma fala viva e espontânea, aos protagonistas burgueses usava uma retórica mais sentimental e trágica.

Personagens sem contradições
O mundo romântico é idealizado, povoado de personagens virtuosos e sem contradições. Nesse contexto, podem-se contrapor às regras sociais, mas sempre guiados por seus sentimentos.


Para lembrar 
Amor de Perdição tem três personagens principais – Simão, Teresa e Mariana. Embora pertençam a extratos sociais diferenciados (Simão e Teresa são burgueses; Mariana e João da Cruz são camponeses), a distinção se perde porque o que vale, na novela e no romance romântico, é a nobreza das emoções, permitindo que a firmeza de caráter se sobressaia.


Simão Antonio Botelho, o herói romântico → Se muito do que é relatado em Amor de Perdição tem seu fundo de verdade, e todos os Botelho citados na narrativa são realmente parentes de Camilo por parte de pai, o herói romântico é, confessadamente, enriquecido pela imaginação do autor. O Simão real, segundo um biógrafo, era pouco estudioso e um bagunceiro em Coimbra, até ser degredado para a Índia em 1807, sem que se tivesse mais notícias dele depois. Ainda jovem, o Simão de Camilo é investido de ideais revolucionários, o que demonstra claramente quando se rebela contra a mentalidade escravocrata de sua família. Cena que é descrita no primeiro capítulo.


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Essencialmente romântico, e muito inspirado na vida do próprio Camilo, o herói tenta seguir a ordem estabelecida para conquistar o amor de Teresa, desejo que se prova impossível. 


Sem obter resultado, Simão parte para uma época de extremismos emocionais, como a tentativa de rapto que culmina em mortes, preconizando seu destino trágico. Defensor das ideias liberais, tem nobreza de caráter. Tanto que se entrega à polícia depois de dar vazão ao seu lado colérico quando mata Baltasar Coutinho. 

Teresa de Albuquerque, a heroína romântica A frágil Teresa opõe-se firmemente ao destino que a família quer para ela, mas se vê obrigada a cumprir as ordens do pai, o dominador Tadeu de Albuquerque. Obstinada e apaixonada, luta para não se casar com o primo Baltasar Coutinho e troca cartas com Simão, na tentativa de acalmar a chama da paixão. Marginalizada e enclausurada em um convento, reflete a fé na justiça divina e as injustiças cometidas em função dos preconceitos da época que se interpunham entre ela e a felicidade que não se realiza. 

Mariana, a amante silenciosa Mulher mais velha, de 24 anos, criada no campo, Mariana pertence a uma camada popular. Dela, o narrador diz ter "formas bonitas" e um rosto "belo e triste" para realçar a grandeza de seu amor-renúncia. O desprendimento que mostra, amando Simão em silêncio e por isso ajudando-o a se aproximar da felicidade (que é Teresa), faz parte do ideário romântico. Abnegada e fiel, Mariana jamais diz uma palavra e controla obstinadamente o ciúme. 
É o personagem que mais sofre no romance. Pode-se dizer que existe aqui uma tríade romântica – Simão, Mariana e Teresa, que nunca se realizam sentimentalmente e têm final trágico.

João da Cruz, o componês rústico Personagem popular, é um camponês rústico que se transforma no protetor do jovem Simão quando este volta à cidade de Viseu atrás da amada. Se a princípio cuida do rapaz porque o pai de Simão livrara-o de uma complicação judicial, depois envolve-se emocionalmente a ponto de matar para defender o rapaz. 

Baltasar Coutinho, o burguês interesseiro É o primo de Teresa, rapaz sem moral e sem brios, que não ama a moça, mas está disposto a recorrer a quaisquer expedientes para vencer a disputa com Simão. Faz o contraponto com o herói, na medida em que ambos vêm de famílias abastadas. Mas, enquanto ele é norteado por intenções medíocres, Simão se move pelos mais nobres sentimentos. 

Tadeu de Albuquerque, o pai autoritário É o pai de Teresa, que a todo momento toma o destino da moça nas mãos, sem respeitar-lhe qualquer sentimento. Por uma rivalidade particular, decide obstruir a felicidade da filha e criar toda sorte de empecilhos para afastá-la de seu verdadeiro amor. 

Manuel Botelho, o irmão desmiolado O jovem irmão de Simão, que inicialmente critica o protagonista por sua vida desordenada quando vai morar com ele em Coimbra, acaba se envolvendo com uma mulher casada. Arrependido, confirma sua dependência familiar quando pede ajuda aos pais para devolver aos Açores a mulher comprometida com quem fugira. 

As novelas camilianas
Embora o autor classificasse suas obras como romances, os críticos literários referem-se a elas como novelas. A diferença essencial está no tratamento linear da narrativa, nas cenas sucessivas e na conclusão fechada. Os romances abordam um mundo mais multifacetado, com personagens mais contraditórios e complexos. 

Camilo é um escritor de estilo romântico que escreveu vários gêneros de novelas: satíricas, históricas e de suspense, mas foram suas novelas passionais que lhe conferiram maior destaque. Nelas, o tema central é o amor, a exacerbação do sentimento que leva à ruptura com padrões de comportamento e regras sociais, a transgressão norteada pelo mais nobre dos sentimentos, a paixão que justifica toda sorte de condutas, até mesmo o enlouquecimento (de Mariana), a clausura (de Teresa) e a transformação de um homem de bem em criminoso (o assassinato cometido por Simão). São histórias curtas, quase sempre relatando a luta entre o Bem e o Mal. 

Nessas novelas, o autor explora a contradição entre o eu, que pretende se guiar pelos sentimentos, e os limites que muitas vezes impedem a concretização desses sentimentos em um mundo repleto de personagens talhados de forma maniqueísta, voltados para o Bem ou para o Mal, sem se desviar de seus propósitos. 

Um apaixonado do ceticismo

O autor inscreve-se no segundo momento romântico português, chamado de Utra-Romantismo. Em vez de se voltar para a questão do nacionalismo, característica da primeira fase do Romantismo em vários países europeus, incluindo Portugal, Camilo opta pela abordagem dos sentimentos. Sua principal interrogação é até que ponto o homem pode se valer dos sentimentos para guiar sua existência. 


Para lembrar
O Romantismo surge na primeira metade do século XIX, condicionado pelo fenômeno da ascensão da burguesia, provocado pela Revolução Francesa e consolidado com as Revoluções Liberais de 1830 e 1848. É uma reação ao universalismo neoclássico, propondo uma Literatura subjetiva e individualista.


O exagero desse individualismo, o tédio e o ceticismo diante da existência criam a sensação indefinida de insatisfação a que os românticos davam o nome de "Mal do Século". A dificuldade em distinguir sonho e realidade; o nacionalismo e a valorização do passado; o desejo de reforma; e o engajamento político caracterizam a Literatura romântica. O romance romântico aborda a temática do amor nas suas formas mais exaltadas, acima do controle da razão e inevitavelmente ligado à morte, como se vê emAmor de Perdição, de Camilo Castelo Branco.

A oposição ao realismo


Amor de Perdição, publicado em 1862, é anterior ao início do Realismo em Portugal, que começa em 1865, com as polêmicas Conferências do Cassino Lisbonense e as discussões chamadas "Questão Coimbrã". Camilo opunha-se ao romance realista, julgando-o imoral e criticando-o por retratar pessoas fúteis ou que premeditam crimes, que desorganizam famílias; padres que rompem o celibato e alterações sexuais – temáticas que rejeita em favor da apologia do sentimento. Diz ele do Realismo: "Quero escrever romances para as pessoas lerem na sala, não nos quartos de banho. Quero escrever romances para que todas as pessoas da família possam ler: as moças mais jovens, as senhoras...". 

Um romântico incorrigível
Há uma relação fundamental entre a vida de Camilo Castelo Branco e o que ele projeta como ficção em suas novelas. Para criar seus personagens, muitas vezes o autor transfere sua vivência aos protagonistas. Considerado o maior prosador romântico da língua portuguesa, Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco teve uma vida atribulada e de final trágico, bem ao gosto dos heróis românticos que elaborou. 


Para lembrar
Poeta, romancista, crítico literário, tradutor, polemista e galanteador, foi autor de mais de uma centena de títulos, escrevendo poesias, peças de teatro, críticas literárias e novelas.

Uma trajetória atormentada

As invasões francesas em Portugal são referências para o autor.

Camilo Castelo Branco nasceu filho bastardo em 16 de março de 1825, em Lisboa, cidade que conheceu apenas de passagem. Sua mãe, Jacinta Rosa do Espírito Santo, falecida quando o menino tinha apenas 2 anos, era uma criada de seu pai, Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco, que faleceu oito anos mais tarde. Órfão, passa a ser cuidado pela tia Rita Emília (a tia Rita que transporta para a literatura em Amor de Perdição). Da convivência com a tia, guardou os relatos sobre o avô assassinado e a morte de seu tio Simão, degredado para a Índia. Dizia-lhe a tia que "era necessário ser desgraçado para não contradizer os fados de família". E ele foi. Casou-se pela primeira vez aos 16 anos com Joaquina Pereira, de 15 anos, que abandonou. Seguiu para o Porto, onde se tornou estudante de Medicina. Inadaptado, freqüentava mais bailes do que aulas, até ser reprovado por faltas.

De férias em Trás-os-Montes, envolveu-se com a prima Patrícia Emília, com quem fugiu para o Porto, sendo acusado de adultério e preso. Com a morte da primeira mulher, Joaquina, em 1847, passou a viver maritalmente com Patrícia, de quem se separou quando ela engravidou. Em 1850, conheceu Ana Plácido, o grande amor de sua vida, que se casou com Manuel Pinheiro Alves, por arranjo de família. Deprimido, ingressou num seminário, onde viveu um caso amoroso com uma freira.

Amor de Perdição é ambientado no período de D. João VI.
Nesse meio tempo, publicou sua primeira novela, Anátema (1851). Em 1858, depois de passar uma temporada nômade, completamente ao sabor das emoções, retomou o contato com Ana Plácido, então mãe de um garoto. No mesmo ano, os dois passaram a viver juntos para serem presos dois anos depois, como adúlteros. Durante a prisão – um ano e 15 dias –, escreveu Amor de Perdição. Em 1861, o casal foi julgado e absolvido. Dois anos depois, nasceu Jorge, que se transformaria em alcoólatra e incendiário. Em 1864, Castelo Branco fixou residência pela primeira vez, na casa herdada do ex-marido de Ana. Nesse mesmo ano, nasceu o filho Nuno, que se tornaria um desvairado, sempre às voltas com escândalos. Em 1883, precisando de dinheiro, Camilo foi obrigado a leiloar sua biblioteca. Dois anos depois, recebeu o título de visconde e uma pensão. Em 1888, casou-se com Ana Plácido, que queria o título de viscondessa. 


Anote!
A decisão de morrer foi tomada quando a cegueira, consequência de uma sífilis contraída na juventude e mal curada, já o impedia definitivamente de escrever.


Camilo Castelo Branco foi contemporâneo do Romantismo. Nasceu no ano da publicação do poema narrativo "Camões", de Almeida Garrett, o iniciador do Romantismo em Portugal e que, ao lado de Alexandre Herculano e Antônio Feliciano de Castilho, teve grande influência sobre sua obra. Enquanto estudava Medicina, leu Lamartine, Chateaubriand, Victor Hugo, Alexandre Dumas e Georges Sand, que admirava profundamente. Pouco antes de matar-se, mostrou-se consciente de sua importância e do respeito de que era merecedor. "Chamo-me Camilo Castelo Branco e estou cego. Sou o cadáver representante de um nome que teve alguma reputação gloriosa neste país durante 40 anos de trabalho." Romântico e trágico que era, suicidou-se com um tiro no ouvido em 1º de junho de 1890. Sobre sua morte, publicou o jornal O Século: "Morreu o ilustre romancista Camilo Castelo Branco. Sabe-se a tortura contínua em que vivia por causa de seus padecimentos. Hoje, pelas seis horas da tarde, num momento de desespero, desfechou um tiro no ouvido, sobrevivendo apenas poucas horas ao ferimento. A notícia espalhada aqui, rapidamente, tem produzido geral consternação". 

Obra diversificada

Camilo Castelo Branco foi o primeiro escritor profissional de Portugal. Para sobreviver, escreveu mais de uma centena de títulos, tornando-se figura ilustre de sua época e conhecida do grande público. No entanto, o ritmo febril de sua produção fez com que sua obra abusasse das repetições temáticas, que procuravam agradar ao gosto do grande público da época. Castelo Branco escreveu em profusão novelas passionais, satíricas, históricas e de suspense, consagrando-se principalmente nos dois primeiros gêneros. Entre sua vasta produção, destacam-se: Anátema (1851), Onde Está a Felicidade? (1856), Romance de um Homem Rico (1861); Amor de Perdição e Coração,Cabeça e Estômago (1862); Amor de Salvação (1864); A Queda dum Anjo (1866); Eusébio Macário (1879); A Brasileira de Prazins (1882).

Fonte: http://vestibular.uol.com.br

4 comentários:

  1. Uma ótima Analise da obra ; Amor de Perdição , me ajudou muito.

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  2. Sugiro que fossem apontados com clareza as características do movimento no qual a obra está inserida, no caso o Romantismo.

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  3. Excelente análise, porém o narrador desta obra não é em primeira pessoa(narrador personagem que participa dos acontecimentos e conta a história) Ao contrário, o narrador é em terceira pessoa, narrador observador.

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